Apontamentos espirituais do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.

Sexta-feira, 10 de janeiro-2020.  Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.

 

Acompanhamos apreensivos a crise internacional entre os Estados Unidos e o oriente médio, especialmente entre o Irã. É como se o fantasma das atrocidades e carnificina da Guerra estivesse ressuscitando para dominar e aterrorizar o mundo onde, sem dúvida algumas vidas de inocentes são ceifadas e, em nome do poder pelo poder, virássemos animais nos atacando uns aos outros.  

Quando a gente pesquisa sobre as atrocidades apenas da 2º Guerra Mundial, nos deparamos com números macabros. Algumas estatísticas falam que morreram entre quinze milhões e quarenta e cinco milhões de pessoas. Para se ter uma ideia, alguns países chegaram a faltar caixões para enterrar os seus mortos. Ou seja, a morte, o medo e o terror dominaram o planeta por muito e muito tempo!

Mas o que tem haver a Guerra e a crise do oriente médio e a espiritualidade nossa de cada dia ou a nossa relação com Deus e com a vida? Bem, é verdade que temos medo da guerra, é verdade que todos nós cristãos- ou melhor- nós seres humanos, abominamos toda prática de violência, mas é também verdade que, muitas vezes, os nossos conventos, seminários, comunidades de vida, paróquias, dioceses, arquidioceses e os diversos locais de trabalho e convivência na sociedade, são verdadeiros tanques de guerra.

As vezes perguntamos- e fica difícil responder- o por que falamos do amor de Jesus e, no entanto, usamos da estratégia de guerra em nossas relações- seja com uma palavra, um olhar ou um gesto- mesmo nos locais “sagrados” ou que deveriam ser sagrados. Refiro-me a sacristias e paróquias onde, muitas vezes, seus legítimos “chefes” são verdadeiros Adolf Hitlers da intolerância, da arrogância, da prepotência e da violência.

Quantas vezes rezamos pela paz em nossos conventos, seminários e Igrejas e somos verdadeiros estrupícios da guerra? Quantas vezes- em nossas relações- promovemos o ódio diário em nossos ambientes profissionais? Quantas vezes transformamos a nossa casa e o nosso lar em campos de concentração e dominação do poder pelo poder? É meu caro, em tempo de crise internacional é hora de se perguntar, será que não somos também tanques de guerra? E tenho dito!