Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Convento de Angra dos Reis/RJ. Sexta-feira, 27 de novembro-2020.

 

Volta para tua Igreja

Bom dia, boa tarde e boa noite meu amigo diário! E aí, é verdade que você está com medo de voltar para a Igreja por causa do coronavírus? Sim, sim, quem te falou não mentiu. Só saio de casa para cuidar da minha alimentação, da minha saúde e cumprir com outras obrigações necessárias para minha sobrevivência. Evito aglomerações e... Bem, você sabe né, o vírus está em toda parte, estão até falando de uma segunda onda.   

Mas vem cá, você disse alimentação? Claro, por caso vou morrer de fome? Fala sério, que pergunta sem pé nem cabeça. Calma, estou dizendo que existe outra fome que você não vai matar com alimentação. Não entendi. Presta atenção, eu soube que nos últimos dias você anda triste, medroso e sem gosto pela vida. Esta não é a pessoa que conheço, logo você que não perdia uma Missa e, sempre e sempre, estava nos trabalhos pastorais da comunidade.

Você quer dizer que devo me contaminar com o covid-19? Calma! Quantas vezes você foi ao supermercado e ao Banco? Quantas vezes você recebeu visita em casa? Quantas vezes você saiu de casa- muitas vezes, até para bater perna- e, no entanto, finge ter medo de ir à Igreja com a desculpa da pandemia. Você está querendo enganar a quem? E a tua vida espiritual, onde vai encontrar alimento fora da Eucaristia, da confissão e da orientação do seu padre?   

Uma coisa te digo, na Igreja, são adotadas as medidas exigidas pela OMS; álcool e gel, máscaras e distanciamento, o que não acontece na prática no banco, no supermercado, no ônibus, avião e... bem, você sabe o que tou querendo dizer. O quê? Fala que você não encontrou alguém que frequenta bares, festas e tudo mais? Fala que, nas últimas eleições de alguma forma você não se envolveu?   

Por último, gostaria de lembrar que mesmo no auge da pandemia, cristãos comprometidos com o Reino chegaram a doar a sua própria vida. Segundo a Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), 436 padres diocesanos foram infectados pelo vírus, destes, 21 morreram. Estou falando apenas de padres diocesanos. Por quê? Outros também morreram? Sim, sim, entre eles o Frade Carmelita, Frei Martinho Cortez, do Carmo de Mogi das Cruzes, São Paulo e diversas religiosas, religiosos, seminaristas, leigos e leigas engajados em nossa comunidade. É interessante lembrar também que no mundo, centenas doaram as suas vidas em conventos, paróquias e seminários, a exemplo das 13 freiras que morreram em um mesmo convento nos Estados Unidos. 

Tá vendo, eu não disse que é perigoso sair de casa, ter contato com o povo? Aliás, lembrei de uma campanha antiga da Campanha da Fraternidade, onde falava que a nossa casa é a primeira Igreja doméstica. Com isso, estou afirmando que é melhor ficar nesta Igreja doméstica. Ah!  Aqui é mais seguro. Você tem certeza desta afirmação? Será que não tá procurando desculpas para fugir das suas obrigações de cristão?

Por último, deixo aqui uma interrogação para você. Interrogação? Mais uma! Você também não me deixa em paz, é um verdadeiro estrupício. Fala sério gente! Qual? Refiro-me a perseguição romana. Comprometer-se com o Evangelho naquela época, significa perseguição do Império Romano e, muitas vezes a mortes pelas feras. Deus me livre! Ainda bem que não sou daquele tempo! Pois é, você acha que os cristãos ficavam com medo do Império? Não, não! Eles se reuniam, eles se ajudavam, eles vivenciavam a Boa Nova. (Atos dos Apóstolos, 2, 42-47)). Então, com estas desculpas em nome de uma falsa proteção contra o vírus e volte para sua casa- A Igreja. E tenho dito!