Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ.
Terça-feira, 8 de junho-2021.
Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Maria Madalena de Pazzi, Santa Teresa de Jesus, Santo Nuno de Santa Maria, São João da Cruz, Beato Frei Tito Brandsma, Santa Teresa Benedita da Cruz... Carmelo ou Monte Carmelo, geograficamente é uma montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo na costa de Israel. Para nós, família carmelitana, é muito mais que um monte ou montanha, é a nossa identidade enquanto frades, freiras, leigos e leigas que buscam o caminho da santidade a partir desta inspiração Eliana e Mariana.
Quando falamos em Monte Carmelo no linguajar carmelitano ou religioso, estamos nos referindo ao grande Profeta Elias- Pai e Guia do Carmelo (1 Reis, 17); a Nossa Senhora do Carmo e sua capelinha na Sagrada Montanha e ao seguidor de Elias-Profeta, o também Profeta Eliseu. (2 Reis 2). Enfim, assim como Assis na Itália refere-se a São Francisco de Assis, o Monte Carmelo nos lembra toda riqueza espiritual carmelitano.
Mas algo nos chama a atenção neste contexto religioso, refiro-me ao conceito de santidade a partir dos seus santos e santas, beatos e beatas. Às vezes, nós Carmelitas ao falarmos em caminho da perfeição, pequena via, subida do Monte Carmelo, Castelo interior ou vida espiritual- palavras estas bastante conhecidas no linguajar do carmo- ficamos no sentido pejorativo e não adentramos no verdadeiro sentido do seguimento da Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na terceira Exortação Apostólica do Papa Francisco, Gaudete et exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo de hoje", Nº 19, ele afirma: “Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho”. Tal afirmação do Sumo Pontífice nos faz olhar para o amor e a simplicidade de Santa Teresinha ou o profetismo do Beato Tito Brandsma e tantos homens e mulheres que, no carmo, foram expressão de vida, esperança e profetismo em um determinado contexto histórico.
Portanto, sinônimo de santidade não é pieguice, volta a idade média ou devoções vazias descontextualizadas. Não, não! A verdadeira santidade nos remete ao grande Santo Elias que, no Monte Carmelo, testemunhou, defendeu e exterminou os seguidores de baal (1 Reis 18, 20-40).
Muitas vezes caímos no risco de achar que santidade é algo extraordinário ou para um grupo de privilegiados. Em 1 Ped (1, 16), encontramos a seguinte passagem: “sede santos, porque Eu sou santo”. Ou seja, a santidade não é um privilégio do Carmelo, mas de todo homem e mulher que, pautado na Boa Nova busca uma vida integra e humana em cada realidade concreta em que está inserido.
Mas eu disse humana! Isso mesmo, porque tem muita gente que, erroneamente, pensa que santidade é algo mágico os descomprometido com a realidade. Aliás, quando se fala em santos do Carmelo muitas vezes valoriza os arroubos espirituais e momentos místicos que, para o nosso contexto não diz nada, esquecendo assim da humanidade de cada santo e santa.
Por último, é interessante ressaltar o que diz o Concílio Vaticano II: “munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho”. (10 Const. dogm. sobre a Igreja. Lumen gentium). Portanto, a vida carmelitana é apenas um caminho. E tenho dito!