O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, terceirizou o acesso a recursos de sua pasta, transformando os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em corretores junto a prefeitos
Desgaste. Um dos únicos respaldos recebidos pelo ministro Milton Ribeiro foi do presidente Jair Bolsonaro, que declarou colocar a "cara no fogo" por ele Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo / 24/11/21
O último escândalo é sempre o mais popular. O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, terceirizou o acesso a recursos de sua pasta, transformando os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em corretores junto a prefeitos de pelo menos 15 cidades de oito estados.
Gilmar é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e dirige o Instituto Teológico Cristo para Todos. Arilton é assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional e preside o seu conselho político. A dupla teria chegado ao ministério depois de um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, reuniram-se 19 vezes com Ribeiro e, em alguns casos, a agenda do ministro registrava o assunto: “alinhamento político”.
Ribeiro, como seus três antecessores no ministério de Bolsonaro, é uma usina de incontinências verbais, mas nenhum deles foi apanhado criando a figura de corretores de verbas para construir ou reformar creches e escolas, bem como para conseguir equipamentos eletrônicos. Repetindo: equipamentos eletrônicos.
Os prefeitos de dois municípios revelaram que a dupla cobrava um capilé que ia de R$ 15 mil a R$ 40 mil para abrir os processos, bem como taxas de sucesso quando a verba fosse liberada. Pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação, o FNDE. Repetindo: FNDE. Num caso, Arildo pedia um quilo de ouro (cerca de R$ 300 mil). Noutro pediu que lhe comprasse mil bíblias, a R$ 50 cada uma.
(Tramita na Câmara dos Deputados um projeto que prevê pena de até cinco anos de cadeia para quem usar indevidamente a palavra Bíblia.)
O ministro se explicou revelando que pode ter sido enganado e que em agosto passado pediu à Controladoria-Geral da União que investigasse denúncias. Contudo, em novembro Ribeiro recebeu Arildo acompanhado de um prefeito e 16 dias depois o FNDE liberou R$ 200 mil para sua cidade.
Uma semana depois da primeira notícia dessa bizarria, o presidente Jair Bolsonaro proclamou:
“Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal.”
Não é bem assim. Fonte: https://oglobo.globo.com