O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sabatina no Jornal Nacional, em 25/8/2022. Foto: Reprodução/TV Globo

 

Por Samuel Lima e Gustavo Queiroz

A presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Jornal Nacional, da TV Globo, tomou conta da discussão das redes sociais na noite desta quinta-feira, 25. Aliados e apoiadores do petista elogiaram a postura de Lula na entrevista, enquanto bolsonaristas o criticaram por declarações sobre o MST e o agronegócio. Críticas à Rede Globo uniram petistas e bolsonaristas, o que fez o nome do jornalista William Bonner ser um dos assuntos mais comentados no Twitter. 

Ao menos seis dos dez assuntos mais comentados no Twitter ao final da entrevista eram de apoio ao petista. A hashtag #LulaNoJN chegou ao topo dos trending topics em diferentes momentos do dia. Ao final da entrevista na Globo, o termo “Lula” havia alcançado 607 mil tuítes; #LulaNoJN (358 mil posts) e Bonner (155 mil posts) apareciam na sequência. Em resposta ao termo “Mentiroso no JN” de segunda-feira, bolsonaristas subiram a tag #LadrãoNoJN, com 19 mil tuítes.

Defensores da campanha do ex-presidente repercutiram elogios e comparações do desempenho de Lula no Jornal Nacional com o do presidente Jair Bolsonaro (PL), sabatinado na segunda-feira, 22. O candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse que Bolsonaro “parece um bobo da corte”, frase usada por Lula na entrevista, e avaliou ter sido “absurda” a diferença entre Lula e Bolsonaro no programa. 

Ex-candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT), em 2018, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) criticou os jornalistas que entrevistaram o ex-presidente. “Vivi para ver Lula sentado na frente do Bonner, ouvindo Bonner admitir que tudo aquilo que o JN afirmou durante anos era equivocado”, escreveu. O movimento apareceu ainda no WhatsApp, com grupos lulistas reclamando das perguntas abordadas.

A direita também criticou a Rede Globo. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) alegou que a entrevista foi favorável a Lula. “E Bonner termina se desculpando com Lula. Quem sabe agora estão indo tomar uma cervejinha para celebrar o bom bate papo de boteco entre as comadres”, declarou. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro exploram o final da entrevista, quando Bonner corrige uma informação sobre as perdas registradas por corrupção pela Petrobras.

O núcleo duro do bolsonarismo ainda critica Lula com base em declarações dadas ao Jornal Nacional sobre o agronegócio e a atuação do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O petista afirmou que o setor agrícola tem empresários que desprezam a preservação do meio ambiente.

Entre lavajatistas, o assunto principal durante a entrevista foi a corrupção. O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) — que virou assunto antes da sabatina ao se oferecer a fazer perguntas ao político — alegou que Lula “mentiu descaradamente” como em interrogatórios da Lava Jato.

A repercussão da entrevista de Lula no Jornal Nacional também esteve ancorada em posts de artistas e celebridades, público que a esquerda conta para conquistar novos votos. A advogada e influenciadora Deolane Bezerra, os cantores Emicida, Teresa Cristina e Caetano Veloso e o ex-BBB Gil do Vigor foram alguns que comentaram sobre a sabatina no Twitter.

Páginas de humor que apoiam Lula também fizeram piada com o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter pedido para ligar a televisão na Globo ao final da live com seguidores, que ocorreu mais cedo. 

Alcance. De acordo com levantamento da Quaest, a entrevista de Lula na Globo teve mais engajamento do que a de Bolsonaro. O levantamento indica que 15 milhões de pessoas em média foram impactadas por postagens sobre o tema durante o programa, contra 9 milhões de Bolsonaro e 2 milhões de Ciro Gomes (PDT). O petista obteve 48% de menções positivas, contra 52% de menções negativas considerando a exibição completa. Foi pior que Ciro (54% a 46%) e melhor que Bolsonaro (35% a 65%).

Segundo a Quaest, os três momentos em que Lula teve maior porcentual de apoio ocorreram quando citou medidas contra a corrupção em seu governo, quando defendeu a aliança com Geraldo Alckmin (PSB) e quando criticou o ódio na política. Já os três momentos em que recebeu mais críticas foram quando não respondeu como definiria o Procurador-Geral da República (PGR), quando chamou Bolsonaro de “bobo da corte” e quando defendeu o diálogo como solução para o orçamento secreto.

Três candidatos à Presidência já foram entrevistados no Jornal Nacional. Além de Lula, o presidente Jair Bolsonaro e Ciro Gomes também estiveram presentes na sabatina. Nesta sexta-feira, a senadora Simone Tebet (MDB) participa do programa. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br