Jornal do Brasil

Mônica Francisco *

Já falei aqui do novo momento que a favela vem vivendo, onde há um movimento cada vez mais crescente de protagonismo dos jovens e das jovens. Sim, as jovens e as mulheres têm se mostrado cada vez mais engajadas, comprometidas e de uma maneira cada vez mais efetiva.

A utilização da tecnologia e das novas ferramentas digitais tem auxiliado e potencializado as ações protagonizadas por eles e elas, das antigas e ainda presentes rádios comunitárias, jornais comunitários, às ferramentas potentes que ampliam a voz desses novos e novas atores e atoras.

São coletivos de mídia, cada vez menos alternativas e que alimentam muitas notícias da chamada mídia oficial. É o olhar de "dentro", não dissociado de uma capacidade de leitura dos contextos sociais em que estão inseridos e de onde estão comunicando.

A dona de casa e ativista Cláudia Sacramento Mathias criou no Facebook uma página dacomunidade onde vive. A página da Vila Cruzeiro RJ tem mais de 20 mil seguidores, e alcança além da própria comunidade, todo o entorno(Vila da Penha).

A página é a voz da comunidade, tanto para dentro quanto para fora. Auxilia na orientação sobre as condições de segurança, e é uma ponte para aqueles que precisam de ajuda em diversos sentidos e aqueles que querem ajudar a comunidade e seus moradores.

Um dado interessantíssimo é que depois da criação da página, segundo relatos, diminuíram os números de pessoas atingidas por balas perdidas. Cresce cada vez mais a relação entre a mídia em todas as suas nuances e na sua multiforme capacidade de viabilizar a informação e grupos denominados midialivristas, e é cada vez mais fundamental essa questão, principalmente na redução da distância no conhecimento e entendimento entre o que de fato ocorre nas favelas cariocas para o restante da cidade.

"A nossa luta é todo dia. Favela é Cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO, à REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL , ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL,ao VOTO OBRIGATÓRIO, à VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER e à REMOÇÃO !"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)