Muito cedo sintetizou-se a doutrina cristã no Credo. Era apresentada aos batizandos como norma de obrigação e como regra.

O Credo, desde o início, evidentemente professava o monoteísmo, mas com a novidade da doutrina da Trindade já claramente afirmada na ordem de batizar (Mt 28, 19).

Pontos principais do Credo:

- Um só Deus, Pai e criador onipotente e regedor do mundo;

- unigênito Filho de Deus, que apareceu em Jesus Cristo de Nazaré;.

- Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, o Paráclito que permanecerá sempre com os discípulos de Jesus (Jo 14, 16)

- Santa Igreja, que Paulo descreve como o Corpo Místico de Cristo

- Penitência para a remissão dos pecados, que se atua no batismo como banho de regeneração

- Ressurreição da carne, que se realizará no momento do fim do mundo e da parusia do Senhor

- Vida eterna feliz, como prêmio para os justos.

Mas alguns daqueles a quem foi pregado o Evangelho julgaram poder escolher da pregação apostólica aquilo que lhes convinha e/ou misturar doutrinas estranhas. Nasceram assim as heresias.

As doutrinas que lhes servem de apoio são de origem hebraica ou pagã.

Entre os cristãos provenientes da religião hebraica, havia aqueles que tinham dificuldades de se acostumar à ideia do Antigo Testamento ser substituído pelo Novo; alguns continuavam a considerar sempre a lei de Moisés obrigatória para todos, se quisessem salvar-se. A supervalorização da lei de Moisés acabou levando alguns a não darem o devido valor ao Fundador do Novo Testamento, contestando totalmente ou em parte a sua natureza superior.

Havia pagãos que somente com dificuldade chegavam a aceitar a doutrina cristã da criação e do mal, ou não chegavam de modo algum; posto que lhes parecia impossível uma criação do nada, contrapunham uma concepção dualista (Deus e a matéria eterna) à concepção unitária do cristianismo.

A heresia desenvolve-se, por isso, em duas direções: uma derivada da compenetração do cristianismo e judaísmo, a outra, da mistura do cristianismo com o paganismo, isto é, com a filosofia grega e com os sistemas religiosos greco-orientais. Contudo, esta diversidade de direção nem sempre se evidencia. Alguns hereges aparecem influenciados pelo judaísmo e pelo paganismo ao mesmo tempo.

As heresias são de máxima importância para o desenvolvimento da doutrina cristã. Elas deram um impulso notável para um conhecimento sempre mais claro das verdades da fé nos seus vários aspectos, a uma sua motivação mais completa e a uma formulação mais precisa.

Se a heresia é desvio da doutrina cristã, o cisma consiste na separação da comunidade da Igreja, determinada pelas controvérsias concernentes à constituição eclesiástica. Convém lembrar que nem sempre um cisma acontece por causa de uma heresia.

Simão Mago é considerado como o “Patriarca de todos os hereges” pelos Padres da Igreja – inclusive  ouviu a pregação de Filipe, foi batizado (Atos 8,9-13) e ofereceu dinheiro para obter a faculdade de comunicar o Espírito Santo (At 8,18) — disto surgiu a palavra simonia. Com ele apareceram os primeiros indícios da especulação gnóstica. Segundo Ireneu, na obra Adversus Haereses, Simão quis ser a manifestação da divindade até então desconhecida: do sumo Deus (Simão) emanou-se a primeira ideia criadora, Ennóia, a mãe de tudo, e desta provieram as potestades angélicas, os demiurgos; estes criaram o mundo e, para que não surgissem rebentos de novos mundos, expulsaram Ennóia para a matéria; como ovelha desgarrada, Ennóia transmigrou por diversos corpos femininos até a etérea Helena de Tiro, companheira de Simão; para libertar Ennóia e reunir os homens, Simão desceu incógnito à terra sob a espécie de homem; na Judéia sofreu aparentemente como Filho, na Samaria como Pai, e nos outros povos como Espírito Santo; para salvar-se basta crer nele e em Helena.

Menandro sustentava uma teoria análoga da criação e fazia-se passar senão pelo próprio Deus ao menos pelo redentor.