O religioso deve cumprir prisão preventiva após investigações da Polícia Civil que apontam o envolvimento dele em oito crimes.
Investigado pela Polícia, José Amaro Lopes de Sousa - o Padre Amaro - já ingressou nesta terça-feira (27) no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRALT), no sudoeste do Pará, onde deve cumprir prisão preventiva expedida pela Justiça. O presídio é o mesmo onde cumpre pena de 30 anos o mandante do assassinato de Dorothy Stang, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como 'Taradão', preso em setembro de 2017 - 12 anos após o crime.
A Polícia está investigando o envolvimento do religioso, que é liderança da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Pará, nos crimes de associação criminosa, ameaça, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.
José Amaro era considerado braço direito da missionária norte americana Stang, assassinada em 2005, e deu prosseguimento ao trabalho em favor dos camponeses depois da execução dela.
Em nota, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs disse que o padre vinha sendo ameaçado de morte por proprietários de terras e que o religioso pode estar correndo risco ao ser conduzido ao mesmo presídio que Regivaldo. A Polícia, no entanto, informou que o padre deve permanecer em cela individual.
Acusações
De acordo com a decisão do juiz da Comarca de Anapu, André Monteiro Gomes, "a medida se justifica para colheita de documentos, objetos e/ou quaisquer outros elementos de prova relacionados com os delitos em apuração".
O documento cita que a prisão foi determinada para que as autoridades policiais possam levantar termos de declarações, vídeos, conversas de whatsapp, relatório de missão e reportagens, dentre outros, a fim de constituir as provas necessárias.
A Polícia suspeita que o padre tenha recebido dinheiro de fazendeiro com a finalidade de proteger uma propriedade. As transferências, que somadas chegam a R$29 mil, foram realizadas, segundo a Polícia, na conta da irmã do padre.
Em depoimento na sede da Superintendência Regional da região do Xingu, o padre disse que não sabe explicar os valores em dinheiro que aparecem em depósitos bancários feitos.
Outra acusação envolve assédio sexual contra uma vítima que, segundo as investigações, apresentou um vídeo pornográfico que teria sido gravado no quarto do padre.
A CPT disse que só vai se pronunciar após ter acesso ao inquérito policial. A advogada disse que o padre negou as acusações em depoimento à polícia e que a defesa deve pedir a revogação da prisão. Fonte: https://g1.globo.com