Sem transmissão ao vivo, o Pontífice celebrou a Missa da Ceia do Senhor na prisão de Regina Caeli. Após a homilia, Francisco lavou os pés de 12 detentos, entre os quais católicos, muçulmanos, um ortodoxo e um budista.
Cidade do Vaticano
Entre os encarcerados da prisão romana de Regina Caeli o Papa Francisco celebrou nesta Quinta-feira Santa a Missa da Ceia do Senhor, com o rito do Lava-pés.
A cerimônia foi feita em caráter reservado, sem transmissão ao vivo pela televisão.
Antes da celebração, o Papa visitou a enfermaria, para saudar os detentos doentes. Já em sua homilia, Francisco recordou o costume daquele tempo, de os escravos lavarem os pés dos hóspedes antes de entrarem à casa.
“Era o trabalho dos escravos, mas era também um serviço. E Jesus quis fazer este serviço para nos dar um exemplo de como devemos servir uns aos outros.”
Jesus pede aos discípulos que não façam como os chefes das nações, reis e imperadores, que eram servidos pelos escravos. “Entre vocês isso não deve acontecer. Quem comanda deve servir. Jesus inverte o costume histórico, cultural daquela época e também de hoje. Quem comanda, para ser um bom patrão, seja onde estiver, tem que servir. ”
Pensando na história, acrescentou o Papa, se muitos reis, imperadores e chefes de estado tivessem compreendido esse ensinamento de Jesus, muitas guerras teriam sido evitadas.
Serviço
Francisco prosseguiu recordando o modo amoroso de agir de Cristo. Às pessoas que sofrem, descartadas pela sociedade, Jesus vai e diz: você é importante para mim. Jesus aposta em cada um de nós. “Jesus se chama Jesus, não Pôncio Pilatos. Jesus não sabe lavar as mãos, sabe somente arriscar”, afirmou o Pontífice.
“Eu sou pecador como vocês, mas hoje represento Jesus. Sou embaixador de Jesus. Quando eu me ajoelho diante de cada um de vocês, pensem: Jesus apostou neste homem, um pecador, para vir até mim e dizer que me ama. Este é o serviço, este é Jesus. Jamais nos abandona, jamais se cansa de nos perdoar, nos ama muito”.
A Lava-pés
cerimônia prosseguiu com o rito do lava-pés a 12 homens provenientes de sete países: quatro italianos, dois filipinos, dois marroquinos, um moldavo, um colombiano, um nigeriano e um de Serra Leoa.
Oito são de religião católica, dois muçulmanos, um ortodoxo e um budista.
No momento do abraço da paz, o Papa improvisou mais algumas palavras para dizer que em nosso coração vivemos sentimentos contrastantes. É fácil estar em paz com quem queremos bem, mas é mais difícil com que nos ofendeu e a quem ofendemos.
“Peçamos ao Senhor, em silêncio, a graça de dar a todos, bons e maus, o dom da paz”, convidou o Santo Padre.
Esperança
Além da saudação aos doentes e a celebração da missa, a visita ao cárcere de Regina Caeli previa também um encontro com outros detentos e a saudação aos diretores e funcionários.
Como em outras ocasiões, Francisco reiterou que não se pode conceber uma prisão sem a dimensão da esperança, da recuperação e da ressocialização:
“Aqui os hóspedes estão para aprender, para semear esperança: não existe qualquer pena justa – justa! – sem que seja aberta à esperança. Uma pena que não seja aberta à esperança não é cristã, não é humana!”
O Papa falou ainda da pena de morte, que não é humana nem cristã justamente porque a condenação se insere num horizonte de esperança.
“Água de ressurreição, olhar novo, esperança: é isso que desejo a vocês.” Fonte: http://www.vaticannews.va