Pe. James Teixeira da Costa
Diocese de Brejo
Entre o ano de 2017 a 2018, tivemos morte suicida de 17 padres no Brasil. A sequência de suicídios de padres católicos chama nossa atenção pelos vários motivos que podem tê-los levado a tirar a vida.
Fiquei angustiado e preocupado com a morte do Monsenhor Orlando, da diocese de Quixadá, ocorrido recentemente, com quem tive um convívio pastoral em 2009. Meus sentimentos a toda diocese de Quixadá, a todo clero.
A vida religiosa não dá superpoderes aos padres, pelo contrário, eles são tão falíveis quanto qualquer leigo. Em muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para superar um momento difícil da vida.
O psicólogo William Castilho, que vai estar em nossa diocese em julho deste ano, autor do livro “Sofrimento Psíquico dos Presbíteros”, destaca que “O grau de exigência da Igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelo de virtude e santidade. Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvo de crítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda”.
Além disso, eu destaco que o excesso de trabalho, a falta de lazer, a perda de motivação pastoral e a falta de fraternidade presbiteral, são possíveis fatores que podem levar os padres ao suicídio.
Segundo os psicólogos, nós, padres diocesanos, somos mais propensos a sofrer de estresse do que os religiosos que vivem reclusos. Um dos fatores mais estressantes da vida religiosa é a falta de privacidade. Não interessa se estão tristes, cansados ou doentes: os padres têm de estar à disposição dos fiéis 24 horas por dia, sete dias por semana, férias nem pensar, passeio nem se fala, descansar não faz parte da vida do padre.
Meus caríssimos irmãos no sacerdócio, cuidemos mais de nossa vida, de nosso bem-estar, como também de nossos trabalhos pastorais. Aconselho-vos que devem pedir ajuda ao bispo sempre que sentirem tensão psicológica ou esgotamento físico: “Os padres não estão sozinhos. Fazemos parte de uma família. E, nesta família, cabe ao bispo desempenhar o papel de pai e zelar pelas necessidades dos filhos”.
Não se afaste do convívio clerical; tire suas férias anuais; procure sempre fazer check-up médico; dê prioridades às suas horas de descanso; intensifique suas orações pessoais; peça sempre orações aos seus fiéis, cuide de si e do outro também.
Que Deus abençoe nossa vida sacerdotal, nosso clero de Brejo, nosso bispo Dom Valdeci, nós que somos esses homens comuns, no corpo e na alma, tão semelhantes a milhares de outros homens, mas que possuímos uma marca, um sinal, uma destinação honrosa e necessária para levar a salvação a todos que nos procuram! Homens acolhidos e ungidos por Deus!
COMENTÁRIOS DOS INTERNAUTAS:
Carlos Santana. 7 de maio de 2018 19:00
“Perdoe-me padre, ninguém pode saber os reais motivos de um padre tirar sua própria vida, mas uma coisa é importante. Em geral a formação de um padre é muito pobre. Padres como São Joao Maria Giannetti, patrono dos sacerdotes, é exemplo de dedicação, mais de 18h por dia nos seus afazeres e não tinha férias. Assim como ele tantos outros na história. Um grave problema hoje em dia é que os padres pensam o sacerdócio como uma profissão, eles sai formados como se fossem empregados da igreja, com ambições de ser párocos, bispos, etc. Sei que é uma análise simples, mas não creio ser um problema psicológico”.
Anônimo. 7 de maio de 2018 21:17
“A mais pura verdade, Carlos Santana. Formação paupérrima. Pensam sacerdócio como profissão. Vários senões”.
Anônimo. 8 de maio de 2018 01:05
“Padre, me desculpe, mas gostaria de saber qual a diocese em que o padre permanece 24 horas a disposição da comunidade, sem folga, sem férias, pq infelizmente hoje qdo procuramos um sacerdote nunca o encontramos. E como foi dito pelo Carlos Santana, formação muito pobre, sem espiritualidade. Infelizmente vocação virou profissão”.
“É complicado se exigir alguma coisa de alguém. Um professor q se dedique por uma turma sendo ele que tem outras turmas e talvez outras escolas q ele passe a lecionar. Assim tb são os sacerdotes. Imaginem so q um padre passe o dia todo naquela rotina de resolver os problemas de uma paróquia, alguns participam assiduamente de reuniões, ainda tem as missas semanais e dominicais , no qual, a de domingo seja mais puxado devido ao número de celebrações (contando capelas e paróquia), esse é o momento em q eles estão mais próximos dos fiéis e depois que termina o dia eles voltam patacas patacas sentem-se sós. E com quem eles terão de compartilhar o seu dia? Com quem eles terão para dividir o que sentem, suas alegrias? A nossa igreja de fato é muito falha. Ela não é 100% correta. Ela é Santa e pecadora. Sabemos q ocorre muitas falhas. Mais quem de nós que constituem a igreja de Cristo não tenha ou comete erros? Não sejam o como aqueles que só apedrejam mais que sabe amar acima de tudo e ajudar os nossos padres e a nossa igreja a caminhar”. Fonte: https://frontcatolico.blogspot.com.br