Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

 

No domingo passado iniciou-se o Tempo Comum do Ciclo C do Ano Litúrgico, com a leitura e meditação do Evangelho de Jesus no Jordão. Neste domingo a Liturgia oferece a narrativa que inicia o segundo Capítulo do Evangelho de João (2, 1-11). Nela relata-se o episódio conhecido como “As bodas de Caná”.

Olhando ao nosso redor podemos perguntar-nos quais são as necessidades que Maria está sinalizando? Quais são as “faltas de vinho” que ela percebe e nos comunica? Na realidade social do nosso país, do nosso mundo, quais são as insuficiências, as escassezes, as faltas que impedem que a festa continue!

Evoquemos algumas: Papa manda recado aos ricos: “parem de pisotear pobres, migrantes e refugiados: “Muitas pessoas pobres estão sendo arruinadas! Todos estes pobres são vítimas dessa ‘cultura do descartável’ que foi denunciada repetidas vezes”, incluindo os migrantes e refugiados que “continuam a bater à porta de nações que zombam de suas dificuldades”, ressaltou Francisco numa audiência no Vaticano. "Desde o início da tragédia dos refugiados que chegam às costas da Europa e que tornaram o Mediterrâneo 'um dos maiores cemitérios a céu aberto do mundo', segundo afirma Olivier Clochard, é um opróbio global. "Hoje migrar é uma sentença de morte assegurada". Texto completo: Crise dos refugiados. Uma tragédia que beneficia máfias e ultradireitas.

Apesar do acesso a uma alimentação adequada figurar como direito humano, uma sexta parte dos habitantes do planeta passa fome. (Texto completo: Os refugiados da fome)

Presidente do Cimi denuncia violações de direitos dos povos indígenas na Assembleia Geral da CNBB  e sublinha a dura realidade do Genocídio dos povos indígenas publicado em diário oficial.  

Olhando para a realidade na qual vivemos, cada um/a de nós pode se sensibilizar e solidarizar com Maria e, como ela, apresentá-la a Jesus. Que diríamos para Ele? Ela simboliza todos aqueles que, em Israel, esperam a realização das promessas messiânicas. Representa aqueles que, conscientes da realidade, aguardam algo novo. Eles não se conformam porque esperam algo mais! Aparece uma característica nova de Jesus. Ele se deixa tocar e comover pelo sofrimento dos outros.

Jesus não age sozinho, ele precisa da comunidade para fazer acontecer o novo: "Jesus disse aos que serviam: «Encham de água esses potes». Os potes de pedra serviam para a purificação dos judeus, segundo a sua tradição. O evangelista disse que eram seis, representando neles o Antigo Testamento, a Antiga Aliança.

Mas eles já nos servem mais; ao transformar a água em vinho, Jesus inaugura um tempo novo, uma nova festa caracterizada pela generosidade e gratuidade de Deus que a faz possível. Doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. As expectativas messiânicas realizam-se em Jesus.

O mestre-sala não sabia de onde vinha o vinho novo, mas "os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água".

A comunidade representada nos serventes é testemunha da ação de Jesus: "Porque a vida se manifestou, nós a vimos, dela damos testemunho..." (1Jo 1, 2). O primeiro sinal que Jesus realiza é através do vinho novo, que permite a festa de casamento acontecer.

O projeto de vida nova que Jesus traz é a vida em abundância na qual todos/as somos convidados/as a ser protagonistas e comunicadores. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br