Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa
Com o rito das Cinzas, iniciamos hoje o tempo sagrado da QUARESMA. A Bíblia usa com frequência o período de 40 dias (ou 40 anos) para indicar períodos especiais, que criam um clima adequado para algo que vai acontecer.
- O Povo caminha 40 anos no deserto, antes de entrar na Terra Prometida. Foi uma experiência de Purificação dos falsos deuses, de Adesão aos mandamentos (Aliança) e de solidariedade no deserto...
- Elias caminha 40 dias e 40 noites até o Monte sagrado de Oreb;
- O Dilúvio: 40 dias para purificar a humanidade corrompida;
- Moisés: 40 dias no Sinai antes de receber a Lei...
- Jesus: 40 dias no deserto antes de iniciar a vida pública...
Portanto, a quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à PASCOA. A Liturgia nos aponta o espírito que deve animar esse tempo:
Na 1º Leitura, o profeta Joel convoca o povo de Israel em assembleia e o exorta à conversão:
"Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes". (Jl 2,12-18) Ele estava convencido que a causa da situação difícil que o povo estava vivendo era o esquecimento de Deus e o descuido da Aliança.
Por vez, o Salmo 50 é um forte apelo penitencial: Pequei, Senhor, misericórdia". Já na 2ª Leitura, São Paulo fala aos Coríntios e hoje a nós: "Reconciliai-vos com Deus... Eis agora o tempo favorável." 2Cor 5,20-6,2)
Por sua vez, no Evangelho Jesus apresenta três práticas religiosas dos judeus (a esmola, a oração e o Jejum), que devem ser realizadas com autenticidade, sem exibicionismo... São os três caminhos quaresmais apontados pela Igreja:
- A Oração nos leva a uma EXPERIÊNCIA pessoal com Deus..
- O Jejum nos leva a um gesto concreto de conversão: privar-se de algo para uma liberdade interior maior.
- A Esmola nos leva a nos doar aos irmãos, no serviço fraterno, em gesto de solidariedade e de partilha.
Nesse espírito, a Igreja no Brasil nos propõe todos os anos na Quaresma a CAMPANHA DA FRATERNIDADE, apontando um ponto de fraternidade que merece uma atenção especial.
Diante das ameaças de todo tipo contra a vida, a Igreja retomou nesse ano o tema da VIDA.
Que as cinzas, que hoje recebemos com devoção na fronte, sejam um sinal externo de nossa adesão sincera e ardorosa em defesa da Vida que recebemos de Deus.