O arcebispo de Indianápolis, nos Estados Unidos, disse nessa quinta-feira que suas ordens para que duas escolas de Ensino Médio católicas da cidade demitissem professores gays visavam a sustentar o ensino da Igreja sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não sobre a orientação sexual. A reportagem é de America, 27-06-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

O arcebispo Charles Thomps disse durante uma coletiva de imprensa que não buscou informações sobre os casamentos que envolvem os professores, mas teve que responder ao que chamou de “situação pública” dos empregados das escolas católicas que não seguem a doutrina da Igreja.

Lideranças da Cathedral High School anunciaram no domingo que estavam rescindindo o contrato do professor para evitar uma divisão com a arquidiocese, que custaria à escola o seu status de organização sem fins lucrativos e a sua possibilidade de celebrar a missa no local. Essa decisão veio apenas alguns dias depois que Thompson emitiu um decreto dizendo que a arquidiocese não reconheceria mais a Escola Preparatória Jesuíta Brebeuf como católica, porque ela insistia em manter um professor que está em um casamento com uma pessoa do mesmo sexo.

“Não se trata de uma caça às bruxas. Não vamos atrás dessas situações”, disse Thompson. “Quando elas são trazidas à minha atenção, é minha responsabilidade, meu dever, supervisionar a vida da fé, especialmente para as nossas testemunhas ministeriais.”

A arquidiocese exige que todos os professores, conselheiros de orientação e administradores das escolas católicas assinem contratos de trabalho que reconheçam que são considerados ministros que devem seguir os ensinamentos da Igreja.

As ações de Thompson provocaram abaixo-assinados online de protesto e debates nas mídias sociais. Os opositores planejaram um protesto de oração nessa quinta-feira, do lado de fora dos escritórios da arquidiocese, perto do centro de Indianápolis.

Thompson defendeu nessa quinta-feira que não estava se concentrando nos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ignorando os empregados da escola que moram juntos ou que se divorciaram e se casaram novamente sem receber a nulidade da Igreja. Ele disse que as lideranças da Igreja ajudariam os empregados a dar passos para viverem de acordo com os ensinamentos católicos.

“Trata-se da situação de vida, não da orientação”, disse Thompson. “Faríamos a mesma coisa se fosse alguém em coabitação.”

Tanto a Cathedral quanto a Brebeuf são filiadas a ordens religiosas e não são dirigidas diretamente pela arquidiocese. A Roncalli High School, de Indianápolis, administrada pela arquidiocese, demitiu ou suspendeu duas conselheiras de orientação no ano passado, por estarem em casamentos com pessoas do mesmo sexo. As mulheres impetraram denúncias federais de discriminação no emprego e disseram que pretendem entrar com ações judiciais.

Todas as três escolas recebem um financiamento significativo por meio do programa devouchers para escolas particulares de Indiana. A Cathedral, por exemplo, recebeu cerca de 1,1 milhão de dólares no último ano letivo em financiamento de vouchers para cerca de um quinto de seus 1.100 alunos, de acordo com um relatório do Departamento de Educação do Estado.

Em fevereiro, a câmara dos deputados de Indiana, dominada pelos republicanos, rejeitou uma proposta de um legislador democrata e ex-aluno da Roncalli de impedir que o dinheiro dos vouchers fosse para escolas particulares que discriminem empregados e estudantes gays.

Gina Fleming, superintendente das escolas da Arquidiocese de Indianápolis, ressaltou que o dinheiro dos vouchers não é direcionado às escolas pelos funcionários do Estado.

“É a família que recebe os dólares desses vouchers que ajudam a pagar as suas mensalidades, a sua educação e a formação nas nossas escolas”, disse ela. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br