Por Redação Em: 21/08/2020 14:58:22

Agentes apreenderam documentos, computadores, anotações e dinheiro que foi encontrado em uma gaveta da sala do Padre Robson, na sede da Afipe / Foto: divulgação

Mesmo sob a acusação da prática de crimes como apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa, magistrada alegou que o suspeito é líder religioso, primário e apresenta bons antecedentes criminais

 

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) solicitou à Justiça a prisão do Padre Robson de Oliveira, fundador da Associação Filhos do Pai Eterno, de Trindade, porém a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, que julgou o pedido, negou. A magistrada afirmou em despacho que o padre é líder religioso, primário e apresenta bons antecedentes criminais.

Além da prisão, os promotores que atuam no caso pediram também o afastamento do religioso da presidência da Afipe. A alegação é que, à frente da associação, Robson de Oliveira pode dar fim a provas importantes no curso das investigações. Porém, assim como no caso do pedido de prisão, a juíza também não autorizou.

O pedido de prisão ocorreu em meio a Operação Vendilhões que, com o apoio das polícias Civil e Militar, visa apurar crimes, em tese, praticados pelos diretores da Afipe. O religioso é acusado de ter praticado crimes como apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa.

Além da diretoria da Afipe, o MP-GO investiga a participação de laranjas e empresas de fachada no esquema. Durante as investigações foi constatado que grande parte das doações não tinha vínculo direto com questões religiosas. Somente nos últimos três anos recursos que chegam em torno de R$ 120 milhões foram gastos na compra de imóveis, fazendas, gado e emissoras de rádio.

 

Vítima de extorsão

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) teve início há cerca de três anos. Surgiu do encaminhamento, pelo Poder Judiciário, de cópia de inquérito policial, em que Padre Robson, após ser vítima de extorsão, teria utilizado indevidamente recursos provenientes de contas das associações que preside.

Entre os meses de março e abril do ano de 2017 um hacker fez ameaças ao padre, dizendo que revelaria um suposto caso amoroso do religioso, inclusive sob a alegação de que exporia fotos íntimas dele. Durante o inquérito, que resultou na condenação do criminoso, a polícia apontou, porém, que as mensagens usadas no crime de extorsão eram falsas.

No início da manhã desta sexta-feira (21/08) foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão na sede das Associações (Afipe), empresas presididas pelo religioso e residências em Goiânia e Trindade. Participam da operação 20 promotores de Justiça, 52 servidores do MP-GO, quatro delegados, oito agentes da Polícia Civil e 61 policiais militares.

 

Prejuízos

Durante as investigações foi constatado que na última década a Afipe, associação que administra o Santuário Basílica de Trindade, teria movimentado valores da ordem de R$ 2 bilhões. Como a maioria dos recursos é proveniente de doações de fiéis de todo o Brasil, há a suspeita de que os atrasos na construção da nova basílica podem ter ocorrido por causa dos supostos desvios.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão os agentes levaram grande quantidade de documentos, agendas, computadores, anotações e uma quantia em dinheiro que foi encontrada em uma gaveta de um móvel que fica na sala do Padre Robson, na sede da Afipe. O valor encontrado ainda não foi divulgado. Fonte: http://noticiasgoias.com.br