1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,43-49)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43 "Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; 44 porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio." 46 "Por que vocês me chamam: 'Senhor! Senhor!', e não fazem o que eu digo? 47 Vou mostrar a vocês com quem se parece todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48 É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a enxurrada bateu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49 Aquele que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerce. A enxurrada bateu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa."
3) Reflexão Lucas 6,43-49
O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Planície que é a versão que Lucas dá do Sermão da Montanha do evangelho de Mateus. Neste final, Lucas reúne
Lucas 6,43-45: A parábola da árvore que dá bons frutos
"Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas”. A carta do apóstolo Tiago serve como comentário para esta palavra de Jesus: “Por acaso, a fonte pode fazer jorrar da mesma mina água doce e água salobra? Meus irmãos, por acaso uma figueira pode dar azeitonas, e uma videira pode dar figos? Assim também uma fonte salgada não pode produzir água” (Tiago 3,11-12). A pessoa bem formada na tradição da convivência comunitária faz crescer dentro de si um bom índole que a leva a praticar o bem. Ele “tira coisas boas do bom tesouro do seu coração”, mas a pessoa que descuidou da sua formação terá dificuldade de produzir coisas boas. Ao contrário, “ele tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio". A respeito do “bom tesouro do coração” vale a pena lembrar o que diz o livro do Eclesiástico sobre o coração como fonte do bom conselho: “Siga o conselho do seu próprio coração, porque mais do que este ninguém será fiel a você. O coração do homem freqüentemente o avisa melhor do que sete sentinelas colocadas em lugar alto. Além disso tudo, peça ao Altíssimo que dirija seu comportamento conforme a verdade” (Eclo 37,13-15).
Lucas 6,46: Não basta dizer Senhor, Senhor
O importante não é falar bonito sobre Deus, mas é fazer a vontade do Pai e ser assim uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo.
Lucas 6,47-49: Construir a casa sobre a rocha
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava segurança e poder religioso através de dons extraordinários ou de observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do poder, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! E Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Deus como rocha da nossa vida.
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado e lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos na fé. Este é também o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a qualidade do meu coração?
2) Minha casa está construída sobre a rocha?
5) Oração final
Foste tu que criaste minhas entranhas e me teceste no seio de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as tuas obras; tu me conheces por inteiro (Sl 138, 13-14)