Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Leituras: Lv 13,1-2.44-46 / Sl 31 (32) / 1Cor 10,31-11,1 / Mc 1,40-45)
As leituras deste domingo nos colocam diante da grande novidade trazida por Jesus. Todos nós temos o poder de purificar. Naquela época não havia os conhecimentos que temos hoje a respeito da saúde, da higiene e da transmissão das doenças. Como nos diz a primeira leitura, todo doente se transformava numa ameaça para as pessoas das casas e das aldeias. Eles não sabiam da existência de vírus nem de bactérias. Uma pessoa doente era um foco de contaminação. Assim, quem tinha qualquer doença deveria ser afastado da convivência e passar um período de quarentena até ficar bom.
Estas pessoas eram consideradas “impuras”. Todo impuro era excluído, marginalizado. Este processo de exclusão era feito em nome da Lei de Deus. Desta forma, a religião misturava doença com pecado, castigo, possessão do demônio e maldição. A pessoa, além de toda angústia causada pela doença, era excluída pela religião como uma pecadora castigada por Deus. A doutrina oficial ensinava que os impuros deveriam ser afastados da comunidade porque os impuros contaminavam os puros.
Jesus trouxe um ensinamento novo. Ele diz que os puros devem ir ao encontro dos impuros, tocar neles, conviver e comer com eles. Jesus ensinava que os puros é que purificam os impuros. Não há, portanto, razão para marginalização e exclusão dos enfermos. Assim Jesus passou a conviver com os doentes, considerando-os livres e purificados.
Este poder de purificar causou muito impacto no povo. Jesus estava enfrentando uma doutrina de mais de quatrocentos anos! Para um fariseu observante, o que Jesus fazia era uma coisa muito perigosa.
Ele estava tocando e falando com leprosos, comia publicamente com os doentes, deixava-se tocar pelos malditos e endemoninhados. Ameaçados em sua doutrina, eles começam a combater a proposta de Jesus. Por isso, quando o leproso se aproxima de Jesus com dúvidas, Jesus fica “cheio de ira”. Não se pode duvidar do poder de Deus dado a Jesus. Há necessidade de uma conversão. Por isso, quando se vê purificado, o leproso torna-se uma testemunha viva deste poder de Deus manifestado em Jesus.
Ele pode cantar como o salmista no Salmo de nossa celebração de hoje: Feliz aquele que recebeu de Deus o perdão. Feliz o pecador que foi absolvido de suas faltas! A ação purificadora de Jesus traz uma nova vida para os fiéis.