(Liturgia da Palavra de Deus: (Jer. 31, 31-34) (Heb. 5,7-9) (João 12,20-33)).
Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Às vezes ouvimos todas as palavras, que alguém dirige a nós, mas não as entendemos. Ouvir é outra coisa do que entender. Para entender precisamos mais; a nosso ouvido só não é suficiente. Isto vale também para os verbos ver e enxergar. Podemos ver uma pintura e contemplá-la, mas podemos enxergar algo sem saber o que é.
Assim no Antigo Testamento os profetas são, muitas vezes, chamados “videntes”. O seu “dom de ver” vai muito além do que enxergar. Este “dom de ver” é praticamente a virtude da Fé.
Na liturgia das leituras da Missa há alguns pagãos que querem ver Jesus, e daí Jesus entendeu logo, que o querem ver para aumentar a sua fé. Cristo quer, que usamos os olhos para ver mais de perto a finalidade da Sua presença no meio dos homens.
Se fosse para enxergar Jesus, então chegariam apenas para observar Jesus. Mas Cristo veio para abrir os olhos para ver a finalidade da nossa existência: Ele é a Luz nas trevas!
Deus fez muitas vezes uma aliança com o Seu Povo. Jesus, o Filho de Deus, dá a Sua vida para reconciliar o povo com Deus Pai. Pela a Sua presença oferece aos homens um exemplo de uma conversão sincera.
Reflexão.
Ninguém vai formar um álbum de fotografias só com negativos. As imagens serão irreconhecíveis; apenas aparecem uns borrões. Mas para se ter uma boa fotografia, precisa-se ter antes um filme negativo. Assim acontece com a vida: provocações, maldades, revezes, sofrimentos físicos ou morais constituem o filme negativo do viver humano.
Só Deus pode revelar-lhe o sentido: extrair a fotografia. Ter fé é substituir os olhos humanos pelos olhos de Deus, antecipar o futuro no presente, descobrir nos borrões a harmonia da fotografia. Deste modo o homem de fé não cai no pessimismo; é capaz de entrever nas linhas maltraçadas dos homens o dedo de Deus.
Resposta à Palavra de Deus.
Jesus abre os olhos daqueles que querem colocar-se a serviço da salvação dos homens com o convite: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”.