Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
“Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”. (Lc 3,22)
Celebramos neste domingo, dia 9 de janeiro, a festa do Batismo do Senhor, que marca o encerramento do tempo do Natal. Na segunda-feira, após o domingo do Batismo, inicia-se a primeira semana do Tempo Comum na parte que vai do Natal à quaresma.
A partir do batismo, manifestação de sua missão e no auge dos seus 30 anos, Jesus inicia a sua vida pública, por isso na segunda-feira, sabiamente, a Igreja inicia o Tempo Comum, que retrata a vida pública de Jesus. O Tempo Comum terá uma segunda parte (maior) no tempo depois de Pentecostes.
Jesus é batizado por João Batista. O próprio autor do batismo se deixa batizar. João pregava um batismo de conversão, preparando o coração das pessoas para a chegada do tempo messiânico, que viria com a chegada do Messias. Algumas pessoas achavam que João fosse o Messias, mas ele mesmo dizia que não era, mas estava preparando o caminho para a chegada do Messias.
Ao ser batizado, desce sobre Jesus o poder do Espírito Santo e movido por esse mesmo Espírito, Ele inicia a sua vida pública. João pregava um batismo de conversão, batizava somente com a água. O batismo de Jesus é um batismo diferente, pois não é somente com a água, mas com a água e o Espírito Santo. Após a celebração deste domingo é costume desmontar os enfeites natalinos em nossos lares e em nossas Igrejas, guardá-los e usá-los novamente no ano seguinte.
A celebração deste domingo serve, ainda, para recordarmos da data do nosso batismo. É uma data que deve ser recordada, assim como a do nosso aniversário natalício, pois a partir do batismo, nascemos novamente para Deus e somos chamados a viver uma vida nova, longe do pecado. Por isso, é importante guardarmos o certificado de batismo e cuidar dele para que não estrague e sempre guardar com carinho essa data.
Em geral o ato penitencial da missa do Batismo do Senhor é o rito de aspersão da água, pois através das águas do batismo morremos para o pecado e ressurgimos para uma vida nova. A liturgia da Palavra gira em torno do significado do batismo e da revelação do Espírito Santo, que ilumina a vida de todo batizado.
Na primeira leitura da missa (Is 42, 1-4 6.7) o profeta fala sobre o eleito de Deus, no qual Deus concede o Espírito Santo para pregar o reino de Deus, curar as pessoas e perdoar os pecados. Esse eleito de Deus promulgará o julgamento das nações. Esse eleito de Deus anunciará a verdade e a justiça e defenderá aqueles que são injustiçados. Da mesma forma, quando somos batizados, nos tornamos os eleitos de Deus e chamados a anunciar a verdade do seu reino.
O Salmo Responsorial é o 28 (29). Pedimos nesse salmo que o Senhor abençoe com a paz o seu povo. O povo de Deus somos todos nós, batizados e batizadas, somos convidados a dar “Glória” a Deus e pedir que Ele abençoe com a Sua paz todos nós.
Na segunda leitura (At 10, 34 -38) Pedro toma a palavra e diz que Deus não faz distinção de pessoas, mas Ele acolhe todo aquele que pratica a justiça e caridade, independente da nação ao qual pertença. Deus, primeiramente, escolhe Israel como seu povo e faz aliança com eles. Mas a salvação que Deus concederá não será somente ao povo de Israel, mas para todos aqueles que se voltam para Ele de coração sincero. Essa salvação de Deus foi pregada, principalmente, por Jesus Cristo.
No Evangelho de hoje (Lc 3, 15 – 16. 21 – 22) lemos que o povo estava na expectativa e perguntavam em seu íntimo se João Batista seria o Messias. João declara a todos que não é o Messias. Ele explica que ele batizava com água, ou seja, era um batismo que visava a conversão dos pecadores e preparava o povo para a vinda do Messias.
João explica que viria aquele que é mais forte que ele, e batizaria com a água, o Espírito e o fogo. Isso daria força para as pessoas anunciarem o reino de Deus. Enquanto o povo era batizado, o próprio Jesus recebeu o batismo. Enquanto rezava e era batizado, desceu do céu o Espírito Santo sobre ele, em forma visível como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”. Após esse fato, Jesus movido pelo Espírito Santo vai ao deserto e sofre as tentações e inicia a sua vida pública.
Participemos com alegria da missa da festa do Batismo do Senhor, encerrando o tempo santo do Natal. Recordemos da data do nosso batismo e guardemos com carinho essa data e sejamos sacerdotes, profetas e reis no mundo de hoje, que é o que somos chamados a ser a partir do nosso batismo. Fonte: https://www.cnbb.org.br