1) Oração
Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz, para arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos a graça da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 26, 14-25)
14Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. 16E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. 17No primeiro dia dos Pães sem fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos’”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal. 20Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. 21Enquanto comiam, ele disse: “Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: “Acaso sou eu, Senhor?” 23Ele respondeu: “Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. 24O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. Palavra da salvação.
3) Reflexão
Ontem o evangelho falou da traição de Judas e da negação de Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Na descrição da paixão de Jesus do evangelhos de Mateus acentua-se fortemente o fracasso dos discípulos. Apesar da convivência de três anos, nenhum deles ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Mateus conta isto, não para criticar ou condenar, nem para provocar desânimo nos leitores, mas para ressaltar que o acolhimento e o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos! Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para as Comunidades na época de Mateus. Por causa das freqüentes perseguições, muitos tinham desanimado e abandonado a comunidade e se perguntavam: "Será que é possível voltar? Será que Deus nos acolhe e perdoa?" Mateus responde sugerindo que nós podemos romper com Jesus, mas Jesus nunca rompe conosco. O seu amor é maior do que a nossa infidelidade. Esta é uma mensagem muito importante que colhemos do evangelho durante a Semana Santa.
Mateus 26,14-16: A Decisão de Judas de trair Jesus. Judas tomou a decisão, depois que Jesus não aceitou a crítica dos discípulos a respeito da mulher que gastou um perfume caríssima só para ungir Jesus (Mt 26,6-13). Ele foi até os sacerdotes e perguntou: “Quanto vocês me pagam se eu o entregar?” Combinaram trinta moedas de prata. Mateus evoca as palavras do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc 11,12). Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas evoca a venda de José pelos seus próprios irmãos, avaliado pelos compradores em vinte moedas (Gn 37,28). Evoca ainda o preço de trinta moedas a ser pago pelo ferimento a um escravo (Ex 21,32).
Mateus 26,17-19: A Preparação da Páscoa. Jesus era da Galileia. Não tinha casa em Jerusalém. Ele passava as noites no Horto das Oliveiras (cf. Jo 8,1). Nos dias da festa de páscoa a população de Jerusalém triplicava por causa da quantidade enorme de peregrinos que vinham de toda a parte. Não era fácil para Jesus encontrar uma sala ampla para poder celebrar a páscoa junto com os peregrinos que tinham vindo com ele desde a Galileia. Ele manda os discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a Páscoa. O evangelho não oferece ulteriores informações e deixa que a imaginação complete o que falta nas informações. Era um conhecido de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos séculos, a imaginação dos apócrifos soube completar a falta de informação, mas com pouca credibilidade.
Mateus 26,20-25: Anúncio da traição de Judas. Jesus sabe que vai ser traído. Apesar de Judas fazer as coisas em segredo, Jesus está sabendo. Mesmo assim, ele faz questão de se confraternizar com o círculo dos amigos, do qual Judas faz parte. Estando todos reunidos pela última vez, Jesus anuncia quem é o traidor. É "aquele que põe a mão no prato comigo". Esta maneira de anunciar a traição acentua o contraste. Para os judeus a comunhão de mesa, colocar juntos a mão no mesmo prato, era a expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Mateus sugere assim que, apesar da traição ser feita por alguém muito amigo, o amor de Jesus é maior que a traição!
O que chama a atenção é a maneira de Mateus descrever estes fatos. Entre a traição e a negação ele colocou a instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas, antes (Mt 25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt 25,30-35). Deste modo, ele destaca para todos nós a inacreditável gratuidade do amor de Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O seu amor não depende do que os outros fazem por ele.
4) Para um confronto pessoal
1) Será que eu seria capaz de ser como Judas e de negar e trair a Deus, a Jesus, aos amigos e amigas?
2) Na semana santa é importante eu reservar algum momento para compenetrar-me da inacreditável gratuidade do amor de Deus por mim.
5) Oração final
Quero louvar com um cântico o nome de Deus e exaltá-lo com ações de graças; “Vede, humildes e alegrai-vos! Vós que buscais a Deus, vosso coração reviva! Pois o SENHOR atende os pobres, não despreza os seus cativos. (Sl 68, 31.33-34)