Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
O Pentecostes é celebrado cinquenta dias depois da Páscoa. Essa festa cristã tem origem na liturgia dos judeus que celebravam a festa das colheitas. Era também chamada festa das semanas, pois acontecia sete semanas depois da Páscoa. Os judeus comemoravam neste dia a entrega da Lei a Moisés no Monte Sinai, quando Deus fez uma Aliança com o Povo de Israel. Desde a criação, sua presença é atuante na obra de Deus. Na tradição israelita, o espírito de Deus é chamado de ruah, o vento ou sopro de Deus, o hálito de vida.
Para os cristãos, a festa recorda o dia em que povos diversos acolheram a mensagem de Cristo e se tornaram seus discípulos. São Lucas, ao escrever o livro de Atos dos Apóstolos, menciona a descida do Espírito Santo para expressar que o próprio Espírito passa a conduzir aqueles que aderiram aos ensinamentos de Cristo Ressuscitado.
Após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes, o livro dos Atos dos Apóstolos narra que seus discípulos ficaram repletos do Espírito e começaram a falar em outras línguas. Lucas vê nesse evento a restauração da unidade perdida em Babel, símbolo da missão universal dos apóstolos. O dom principal do Espírito é possibilitar que o Evangelho de Jesus seja compreendido por todos, cada um em seu idioma. Seu anúncio não fica restrito a um único povo, mas é destinado a todas as culturas, povos e línguas da Terra. O Espírito faz com que cada povo perceba que a Palavra de Deus é salvação e vida em plenitude.
Crer no Espírito Santo é crer na terceira Pessoa da Santíssima Trindade que participa da mesma divindade do Pai e do Filho. Ele não é inferior em relação às duas Pessoas da Trindade, e igualmente é adorado e glorificado com o Pai e o Filho.
O Espírito acompanha toda a vida de Jesus de Nazaré, e é enviado aos seus discípulos em Pentecostes, quando estão reunidos no Cenáculo. Ele está no início da Igreja e a acompanhará até ao fim dos tempos, onde acontecerá a consumação de toda a criação.
A sua atuação na Igreja realiza os mesmos acontecimentos de salvação, ajuda e consolo que Jesus fez em sua vida: o dom de curar os doentes, perdoar os pecados, abençoar as pessoas. O Espírito Santo dá vida à Igreja, anima as iniciativas de evangelização e as ações de fazer o bem às pessoas. Sem o Espírito, a liturgia da Igreja seria apenas um ritualismo, sem nenhum sentido e sem valor de salvação. Nossa oração não passaria de um palavreado dito a ninguém, apenas uma forma de pensamento.
O Espírito não faz Jesus ser apenas um nome a ser lembrado. Ele faz Jesus ser uma presença real na vida da comunidade cristã. Sem Ele, Jesus teria ficado apenas como um bom exemplo do passado sem atualizar o “hoje” de sua salvação para todos os momentos da história. O Espírito Santo foi o último a ser revelado das três divinas pessoas, mas é o primeiro que desperta a fé nas pessoas e as conduz ao encontro com Jesus e o Pai. É na força do Espírito Santo que podemos reconhecer que Jesus é o Senhor e Salvador. Fonte: https://www.cnbb.org.br