Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

1- Abertura  

Acolher as pessoas, invocar o Espírito Santo com uma prece ou um canto. Um momento e silêncio

2- Objetivo:  

Aprender como tornar transparente a vida para que ela nos revele algo de Deus. Baseando-se no que a Samaritana e os discípulos já sabem ou vivem, Jesus procura ajudá-los a perceber uma dimensão mais profunda nas coisas da vida, por exemplo, na água.

3- Chave:      

Durante a leitura, vamos prestar atenção na maneira como Jesus ajuda as pessoas a passar do visível e palpável para a percepção da presença invisível de Deus.

 

4- TEXTO: João 4,1-42 

Depois da leitura um momento de silêncio

 

5- Perguntas:

1- Como Jesus faz para que a Samaritana chegue a perceber que, dentro dela, existe uma fonte de água viva? Como faz para passar do sentido material e real da água para o sentido simbólico?

2- O que mais chamou a sua atenção na pedagogia de Jesus? Por que?

3- Onde, no Antigo Testamento, a água é associada ao dom da vida e ao dom do Espírito?

4- Em que pontos a pedagogia de Jesus nos questiona, provoca ou critica?

 

6- Preces: Transformar o texto em preces espontâneas

 

7- Salmo 120: “Por meus irmãos e amigos eu lhe desejo: A Paz esteja com você!”

 

Subsídios:

1-Jesus encontra a Samaritana perto do poço, o lugar tradicional de encontros e de conversas. Ele parte da necessidade bem concreta da sua própria sede e faz a mulher sentir-se necessária e servidora. Pela pergunta de Jesus ela descobre que Jesus precisa dela para ele poder resolver o problema da sua sede. Jesus desperta nela o gosto de ajudar e de servir.

2- Jesus usa a palavra água, ao mesmo tempo, nos dois sentidos: o sentido material, normal, da água que mata a sede, e o sentido simbólico da água como fonte de vida e dom do Espírito. Ou seja, Jesus usa uma linguagem que as pessoas entendem, mas, ao mesmo tempo, desperta nelas a vontade de aprofundar e de descobrir um sentido mais profunda nas coisas da vida.

3- O uso simbólico da água tem raiz na vida, na história e na tradição do povo. Jesus conhece as tradições do seu povo e nelas se apoia na conversa com a Samaritana. Sugerindo o sentido simbólico da água, ela evoca nela o Antigo Testamento, onde é frequente a mística da água como símbolo da ação de Deus nas pessoas. Jeremias, por exemplo, opõe a água viva da fonte à água de cisterna (Jr 2,13). Cisterna, quanto mais água você tira, tanto menos água terá. Fonte, quanto mais água você tira tanto mais água terá. Outros textos do Antigo Testamento: Is 12,3; 49,10; 55,1; Ez 47,1-3, etc.

4- O diálogo tem dois níveis.

1- O nível da superfície, do sentido material da água que mata a sede das pessoas. Neste nível, a conversa é tensa, e não tem continuidade. Quem acaba levando vantagem é a Samaritana, pois Jesus não conseguiu entrada na vida dela por esta porta.

2- O nível da profundidade, do sentido simbólico da água como imagem da vida nova trazida por Jesus. Neste nível, a conversa tem uma continuidade perfeita. Depois de ter revelado que ele mesmo, Jesus, é a vida nova, ele diz: “Vá, chama teu marido, e volta aqui!”(16). Pois Jesus é o verdadeiro marido que vem trazer a vida nova para a mulher que buscou a vida toda e até agora não tinha encontrado. Além disso, se o povo aceitar Jesus como “noivo”, terá acesso a Deus em qualquer lugar que seja, contanto que seja em espírito e verdade(23-24).

5- Jesus declarou sua sede, mas ele não chegou a beber. Sinal de que sua sede era simbólica. Tinha a ver com a sua missão. É sede que continua nele, a vida inteira, até à morte. Na Cruz, na hora de morrer, ele diz: “Tenho sede!”(Jo 19,28) Declarada sua sede pela última vez, ele pôde dizer: “Está tudo consumado!” (Jo 19,30)  Realizou sua missão.