Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo de Erexim (RS)
Saúdo com carinho os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O Evangelho deste Domingo continua a narrativa das parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus é o resultado de duas profundas aspirações, a saber: primeiro por parte de Deus, e segundo, por parte do ser humano. O desejo de Deus, tantas vezes expresso na Bíblia, é que a humanidade viva em paz e em harmonia. Que todos possam, como disse o próprio Jesus, ter vida e vida em abundância, conforme relata Jo 10,10. O desejo das pessoas, é ter vida digna numa sociedade, na qual as relações humanas sejam de justiça, de fraternidade, de solidariedade, e o bem comum esteja à frente do bem particular. Por isso, o que Deus quer é aquilo que também aspira ao coração do ser humano.
Caríssimos irmãos e irmãs. O Evangelho deste Domingo apresenta três parábolas de Jesus. A primeira, relata que “o Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (Mt 13,44). A segunda parábola, é um tanto semelhante quando afirma: “O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13,45-46).
Estas duas parábolas de Jesus fazem pensar qual é o tesouro ou a pérola de grande valor de nossa vida? Para Jesus, este tesouro ou pérola de grande valor é a justiça do Reino. Diante da descoberta da justiça do Reino, vale a pena arriscar tudo. As duas parábolas mostram a atitude de alguém que, ao fazer esta descoberta em sua vida, vende tudo o que possui para conquistar este tesouro, algo de valor incalculável e que passa a ser o único valor absoluto de sua vida. As parábolas destacam a alegria daqueles que fazem essa descoberta. Perante o valor do tesouro, o Reino de Deus, tudo o resto passa a ser relativo. Trata-se da descoberta do valor absoluto da vida. Como reage quem encontra um tesouro? Como reage quem descobre que a justiça, a verdade, a solidariedade são os únicos caminhos para poder construir uma sociedade nova?
Prezados irmãos e irmãs. Já a terceira parábola, apresenta o Reino dos Céus semelhante a “uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para fora e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam” (Mt 13,47-48). Esta parábola prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo (cf. Mt 13,24-30). Trigo e joio crescem juntos. Escatologicamente, esta separação é feita só no fim dos tempos, sendo que a triagem é feita por Deus. A parábola, porém, transmite-nos uma certeza: os “peixes ruins”, assim como o “joio”, são jogados fora, não são acolhidos no Reino. Este é o juízo de Deus.
Além desses ensinamentos de Jesus, a liturgia da Palavra, deste domingo, ainda nos apresenta a súplica de Salomão ao Senhor. Salamão pediu a Deus “a sabedoria para praticar a justiça” e um coração compreensivo, capaz de governar a vida de acordo com os seus planos, e capaz de discernir sempre entre o bem e o mal” (cf 1Rs5.7-12). É essa sabedoria que também nós pedimos a Deus. E mais, assim como afirma o Apóstolo Paulo, somos “chamados para a salvação” (cf. Rm 8,28-30), a qual nos é dada pela prática da justiça do Reino de que fala Jesus.
Peçamos a Deus, a graça de alcançar a sabedoria para compreender os sinais e os valores do Reino anunciado por Jesus, a fim de que a salvação que nos é prometida por Ele, conduza nossa vida segundo Sua vontade. Amém!
Deus abençoe a todos e um bom domingo! Fonte: https://www.cnbb.org.br