Padre Júlio Lancelotti denuncia ameaças de morte e recebe apoio da base de Lula: 'Revoltante'
'Petista vagabundo', dizia o bilhete deixado na porta da igreja do religioso; nomes como Alexandre Padilha e Randolfe Rodrigues repudiaram os ataques
Padre Júlio Lancelotti recebe apoio de parlamentares após denunciar ameaças de morte — Foto: Reprodução
Por Luísa Marzullo
Conhecido nacionalmente por seu trabalho filantrópico com moradores de rua, o padre Júlio Lancelotti recebeu neste domingo um bilhete com ameaças de morte. No pedaço de papel foi deixado na porta de sua igreja, o o autor lhe chama de "petista vagabundo" e afirma que os dias dele de "reinado" irão acabar.
"Padreco de merda, pensa que aqui é partido político. Defensor dos direitos dos bandidos. Usa o povo para te favorecer. Seus dias de reinado vão acabar. Pode esperar", diz a nota. No ano passado, padre Júlio Lancelotti declarou apoio à eleição de Lula e deu declarações favoráveis ao então candidato.
—Lula não fecha igrejas, ele abre corações — disse o religioso em encontro com o então candidato um mês antes do primeiro turno das eleições.
Diante da grande repercussão das ameaças, políticos da base de apoio do presidente saíram em repúdio ao ocorrido. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lancelotti "não está sozinho".
Já o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP), desejou solidariedade ao padre e disse ser "revoltante" que casos como este ainda ocorram: "É inacreditável que alguém sofra ameaças por praticar o bem e fazer a diferença na vida de tantas pessoas! Hoje nosso querido Padre Júlio Lancelotti sofreu grave ameaça à vida. O ódio e o fascismo não passarão", disse o senador.
Já a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que a violência sofrida pelo padre revela uma "inversão de valores" que ocorreu no país: "O ódio contra ele se dá, justamente, pelo seu acolhimento e cuidado com o próximo, premissas do cristianismo e motivos pelos quais o próprio Cristo foi perseguido.
O movimento foi acompanhado por outros deputados do PT como Luizianne Lins (CE) que aproveitou a ocasião para eleger Lancelotti: "um humanista incansável".
Esta não é a primeira vez que o padre relata ameaças. Em 2020, prestou queixa à Polícia Civil após ter sido xingado por um homem enquanto atendia moradores de rua no Centro da cidade de São Paulo.
‘Estava aqui na praça com os irmãos de rua e passou uma moto por aqui e o cara falou: ‘padre filho da puta que defende noia [usuários de droga]’. Depois dos ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Então quero deixar claro, se me acontecer alguma coisa, se eu for atingido por alguém vocês sabem de quem é a culpa, de quem cobrar’, relatou à época. Fonte: https://oglobo.globo.com