Homem que intermediou assassinato de Dorothy Stang é preso pela PF por grilagem e desmatamento
Um dos condenados pelo homicídio da missionária, em 2005, é alvo de operações contra ocupação ilegal na Amazônia
A missionária Dorothy Stang, morta em 2005 - Carlos Silva/Divulgação
MANAUS
O homem condenado por intermediar o assassinato da missionária Dorothy Stang foi preso preventivamente nesta terça-feira (29) em operações da PF (Polícia Federal) contra grupos suspeitos de grilagem e desmatamento na Amazônia.
Amair Feijoli é suspeito de grilagem e ocupação ilegal de áreas no Amazonas e no Acre, segundo a PF, que deflagrou duas operações simultâneas para combater ações do tipo. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão.
Em 2006, Feijoli foi condenado por tribunal do júri do Pará por participação no assassinato de Stang, missionária norte-americana naturalizada brasileira. O crime ocorreu em 2005, no Pará.
A missionária tinha 73 anos, era agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e foi morta numa emboscada com seis tiros, quando se dirigia a uma reunião de agricultores em Anapu (PA). Ela atuava em prol de agricultores de terras na região.
A execução de Stang se deu num contexto de intensa grilagem e disputa fundiária na Amazônia, realidade que pouco se alterou nos quase 20 anos seguintes.
Feijoli, condenado a 18 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, atuou na intermediação entre mandantes e pistoleiros. Agora, foi preso em razão da atuação de grupos dedicados à grilagem.
A Operação Terra Prometida mirou organização criminosa suspeita de crimes de desmatamento, invasão de terra pública, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, segundo a PF.
As investigações tiveram início com denúncias de trabalhadores extrativistas de uma floresta estadual, na região de Sena Madureira (AC). Eles denunciaram desmatamento para criação de gado e ameaças feitas por posseiros.
O desmatamento atingiu 598 hectares, área equivalente à de 598 campos de futebol. O prejuízo ambiental estimado pela PF foi de R$ 18 milhões.
A outra operação recebeu o nome de Xingu. Um grileiro, dois pecuaristas e um técnico de georreferenciamento atuavam para "esquentar" imóveis junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e no CAR (Cadastro Ambiental Rural), conforme a PF.
Os supostos crimes ocorreram entre Boca do Acre e Lábrea, cidades no sul do Amazonas. Neste caso, o desmatamento atingiu 800 hectares, e o prejuízo foi calculado em R$ 17 milhões.
Segundo a PF, um filho de Feijoli também é investigado. Contra ele já existe um mandado de prisão por tentativa de homicídio, expedido pela Justiça em Sena Madureira, informou a PF.
"Os investigados poderão responder judicialmente pelos crimes de associação a organização criminosa, invasão de terras públicas, desmatamento, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros delitos acessórios, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão", cita nota da PF. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br