Dom Leomar Antônio Brustolin 

Arcebispo de Santa Maria (RS)

A maior festa do calendário cristão é a Páscoa de Jesus Cristo. Ela é celebrada como Mistério da passagem de Cristo da morte à vida. Por isso, quando os cristãos se reúnem, em qualquer celebração do ano, para recordar uma festa ou mistério de sua fé, celebram a Eucaristia, o sacramento da Páscoa de seu Salvador. O que aconteceu de uma vez por todas (Hb 7, 27) é atualizado todas as vezes que a comunidade cristã, obedecendo ao mandato de Jesus, se reúne para celebrar ritualmente o dom da Sua vida, morte e ressurreição. Esse dom é antecipado na última Ceia e encontrará realização plena na cruz do Calvário. Os primeiros cristãos, portanto, celebravam a Páscoa todos os domingos. Todas as semanas celebravam a Páscoa semanal que é o domingo, e a Páscoa anual era celebrada então somente no Tríduo Pascal: os três dias da Páscoa. 

A riqueza da festa da Páscoa merece três dias para destacar em cada um algum aspecto particular do Mistério. Na quinta-feira Santa, é a Páscoa do Pão, na qual Cristo se entrega totalmente aos seus irmãos em seu Corpo e Sangue celebrados no Pão e no Vinho consagrados. Na Sexta-feira Santa se celebra a Páscoa da Cruz. Foi morrendo que Jesus destruiu a nossa morte e revelou o infinito amor de Deus pela humanidade. O Sábado Santo celebra a vitória da vida sobre a morte, a ressurreição de Cristo. Cristo ressuscita dos mortos para que todos que nele crerem, tenham a vida em plenitude. Assim, a Páscoa é celebrada em três dias: Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. 

A riqueza de símbolos, ritos e palavras celebradas nestes dias, não tem comparação com nenhuma outra ritualidade. São símbolos cristológicos do fogo e da luz, da palavra e da água, do Pão e do Vinho. Quem acredita em Cristo, segue sua luz e torna-se ele mesmo luz para o mundo, antecipando o que no Reino de Deus ocorrerá, quando não precisaremos mais de lâmpadas nem da luz do sol, porque toda luminosidade virá do Crucificado Ressuscitado (Ap 21, 23). 

Celebrar a Páscoa é ter a sabedoria de passar o tempo com os olhos fixos na eternidade, perceber que tudo passa, somente Deus basta. É reconhecer que não caminhamos para a morte, mas para a vida eterna. Fonte: https://www.cnbb.org.br