Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)
Neste mês de julho, dia 16, a Igreja recorda a Mãe de Jesus, por um de seus títulos mais conhecidos: Nossa Senhora do Carmo ou do monte Carmelo. O monte Carmelo era local de vegetação exuberante, por isso o nome Carmelo que quer dizer jardim ou pomar. Muitas mulheres trazem este nome e são homenageadas neste dia.
Este título é herança e recordação do Profeta Elias, como defensor do único Deus. No monte Carmelo o profeta derrotou a idolatria, repropondo o culto ao Deus único. Foi neste monte que o profete viu uma nuvem surgir do mar em época de seca prolongada, nuvem que cresceu e fez chover (1Rs 18,20-46). Segundo a tradição, neste monte, o profeta instituiu um grupo de discípulos penitentes e solitários, dedicados à oração.
Posteriormente neste local de forma mais organizada, surgiu no século XII um grupo de monges dedicados a orar initerruptamente, louvando a Deus. Ali construiram uma capelinha na qual invocavam a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Quando foram expulsos pelos sarracenos, os monges foram para Europa, onde a devoção se espalhou. Neste período difícil, o superior da Ordem Carmelita, S. Simão Stok, invoca Nossa Senhora e ela lhe aparece, como a vemos na imagem de Nossa Senhora do Carmo, e lhe entrega o escapulário, com a promessa de que, os que o usarem obteriam de Cristo a salvação eterna.
Esta devoção veio para a América Latina quando os frades carmelitas chegaram ao Brasil junto com os portugueses. Nas figuras de Elias, chamado Profeta do Carmelo e Maria, chamada a Flor do Carmelo, encontramos uma ligação entre a Antiga e Nova Aliança.
A espiritualidade carmelita propõe a profecia de amar a Deus acima de tudo e, trabalhar para que seja glorificado como o fez Elias. É a profecia. Também propõe Maria como modelo de vida de fé e oração, simples e escondida, na qual todos os gestos são meios de acolher a vida divina que está em nosso meio. É a contemplação.
No centro de Santo André, situa-se o templo religioso, a igreja de Nossa Senhora do Carmo, chamada popularmente igreja do Carmo, na praça do mesmo nome: Praça do Carmo. É um ponto referencial da cidade, por ser hoje a Catedral da Diocese de Santo André, criada em 1954 e que este ano comemora setenta anos de sua criação. Porém, a Catedral do Carmo, além da referência religiosa e histórica, tem um valor devocional e religioso imenso.
Construída por iniciativa do Padre Capra, foi feita com doações dos fiéis, como a de Antonio Queiroz dos Santos que deu o terreno e uma doação generosa, por entidades de classe, entre outros. A pedra fundamental foi lançada em 1917 e sua construção, dirigida pelo engenheiro Pounchon e outros, se deu por etapas, até que foi inaugurada em 1958.
A escolha do artista para a decoração da igreja foi realizada por meio de concurso ganho pelos irmãos Bastiglia, que trabalharam nela de 1952 até 1957. Ela foi recentemente restaurada e é amparada pela Lei nº 846, de 30.11.1953, que declara o bem como “monumento arquitetônico”.
Peçamos a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, que ela não permita afogarmos nas nossas pequenas preocupações, também nas grandes. Que ela nos ajude a aceitar o mistério de Jesus Cristo de forma mais radical em nossa vida. Sobretudo nos ajude a manter acesa a chama da gratidão a Deus: “Minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu salvador!”. Fonte: https://www.cnbb.org.br