COMISSÃO INTERNACIONAL PARA O CARISMA E A ESPIRITUALIDADE
(Comunidade Carmelitana de Pozzo di Gotto, Ilha da Sicília, sul da Itália).
A Regra Carmelitana propõe o exercício de correção fraterna mediante a caridade (n. 15) como o único método não violento de resolver conflitos e de trazer um irmão de volta à koinonia fraterna. Em nossa opinião a Regra não menciona, tanto implícita quanto explicitamente, quaisquer outros métodos que levam à punição ou à excomunhão. Somos exortados a nos vestirmos com a “armadura espiritual” para desarmar o “inimigo” e testemunhar com fé, esperança e caridade o Evangelho da paz (nn. 18-19).
Podemos observar que no Carmelo não faltam exemplos notáveis de solidariedade. Por exemplo, Angelo Paoli, chamado de “Pai da Caridade”; Mariangela Virgili, chamada de “Mãe dos Pobres”; os exemplos bíblicos de Maria e de Elias também são algumas vezes contemplados como inspirações de solidariedade: Maria de Nazaré como uma mulher humilde, capaz de caminhar com os pobres da terra[i] e o profeta Elias como um homem de solidariedade na promoção da justiça.
Também não falta ao Carmelo figuras exemplares que testemunham e se empenham pela paz: alguns autores medievais falam do martírio dos primeiros carmelitas pelos sarracenos invasores da Terra Santa.
Falando de martírio, como podemos esquecer a vida, o trabalho e o testemunho do Beato Tito Brandsma, que foi martirizado em Dachau? Além disso, considerando o axisma teológica lex orandi, lex credendi, não podemos ignorar a eucologia do “próprio carmelitano”, que considera Pedro Thomas como um apóstolo da paz entre o povo e um sábio construtor da paz; André Corsini como o exemplo de alguém que trabalhou incansavelmente pela justiça que garante a verdade e a paz duradoura; Nuno Alvarez Pereira como o homem que Deus chamou da violência das armas para o serviço pacífico de Cristo; Luigi Rabatà como um homem de amor singular e de paciência em suportar a injúria.
Proposta de diaconia
Estes exemplos de nossa tradição, vistos à luz das afirmações do magistério[ii] e à luz da madura experiência eclesial, podem ser traduzidos hoje numa forma de diaconia através da promoção da justiça e da paz: colaborando ao estabelecer observadores permanentes da pobreza e da injustiça contra os direitos humanos; guardando momentos de oração e de espiritualidade, enfocados na justiça, na paz e na integridade da criação; educando os jovens sobre o serviço civil, alternativo ao serviço militar; tornando as pessoas mais sensíveis ao trabalho voluntário ou, simplesmente, dedicando um pouco de seu tempo para o bem dos outros.