É notável que os «relatos» da Ascensão sempre se façam acompanhar, nos evangelhos, do envio dos discípulos pelo mundo, para anunciar a Boa Nova (Marcos 16,19-20; Lucas 24,46-53; Atos 1,6-11). Ao deslocamento vertical do Cristo, «levado ao céu», corresponde o deslocamento horizontal dos discípulos, pela superfície da terra. E mais, a instantaneidade da Ascensão desdobra-se na duração da nossa história. A localização inscrita nos evangelhos (Betânia para Lucas, Galiléia para Mateus e Jerusalém para os Atos) vai, dali em diante, dilatar-se e estender-se para toda a terra. O mundo inteiro, com a humanidade ao cume, é que

está em trabalho de ascensão. O deslocamento vertical do Cristo significa que, daí para frente, Ele escapa às nossas percepções. O evangelho segundo Mateus, contudo, termina com o «Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos». A presença do Cristo vai, portanto, mudar de natureza; ela reside agora na fé dos discípulos e faz-se ativa através do seu trabalho de evangelização. O «Eu vou estar convosco» de Mateus se realiza através do testemunho que eles se encarregaram de levar, desde Jerusalém até as extremidades da terra. Por isso irão receber o Espírito e serão «inspirados» pelo próprio Deus. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br