Frei James Boyce, O.Carm.
A Espiritualidade litúrgica dos primeiros carmelitas
Oração individual e comunitária
Um aspecto singular da antiga liturgia carmelitana é que, enquanto a missa era celebrada em comum, a recitação do Ofício Divino era deixada ao eremita (indivíduo) como parte de sua contínua vida de oração diária...
A Regra e a observância litúrgica no Monte Carmelo
A Regra dada aos primeiros eremitas por Alberto, patriarca de Jerusalém, entre os anos 1206-14[i] mostra uma abundância de referências bíblicas que revelam nela um entusiasmo pela vida espiritual.
A Regra e o modo de vida eremítico
A Regra destina-se claramente a pessoas que vivem uma vida de eremita. Não apenas na recitação pessoal dos salmos, mas também na aridez do lugar e na vida solitária dos primeiros carmelitas. Como a Regra nos fala alguma coisa sobre a observância litúrgica no Monte Carmelo, podemos presumir muito sobre a vida comunitária deles.
O Ritual do Santo Sepulcro
O rito local do Reino Latino deriva seu nome da igreja em Jerusalém onde se acreditava ser o local do túmulo do Senhor.[ii] A descoberta do possível túmulo de Nosso Senhor iguala-se a outras descobertas tão antigas quanto a da Cruz Verdadeira por Santa Helena, no século quarto. O primeiro santuário cristão foi assim objeto de constantes batalhas para possuí-lo e gozava de um prestígio inigualável na Cristandade.
A mendicância da Ordem
O longo e árduo processo para obter a aprovação oficial para a Ordem foi bem documentado.[iii] Já que o Quarto Concílio Lateranense de 1215 proibiu a proliferação de regras ou de modos de vida,[iv] os carmelitas tiveram que provar que se estabeleceram antes do Concílio e, por isso, deveriam ser considerados isentos. Esta condição foi reconhecida por Honório III em 30 de janeiro de 1226 nos seguintes termos:
A versão de Inocêncio diz
Os que sabem dizer as horas canônicas com os clérigos devem recitá-las conforme estabeleceram os Santos Padres e segundo o costume aprovado da Igreja.[v] A recitação das horas canônicas é normalmente um costume do clero e a injunção aqui é que os carmelitas, que não são clérigos mas sabem como recitar as horas canônicas, deveriam unir-se ao clero para recitá-las como a Igreja pede.
A rápida expansão da Ordem
Junto com a mudança de identidade, passando de uma Ordem eremítica para uma mendicante, veio a mudança na localização, passando de uma pequena área do Reino Latino para um grupo mais amplo vivendo tanto no Reino Latino (pelo menos até 1291), como em muitas partes da Europa ocidental.
O desenvolvimento da liturgia carmelitana medieval
Virtualmente todos os manuscritos litúrgicos carmelitanos referem-se ao Rito do Santo Sepulcro. O que foi simplesmente assumido no próprio Monte Carmelo agora tinha que ser definido e explicado, já que este rito não era conhecido fora do Reino Latino.
As Rubricas de Sibert de Beka
Com a publicação em 1312, pelo Capítulo Geral de Londres, das Rubricas compiladas pelo frade carmelitano Sibert de Beka[vi] surgiu uma liturgia carmelitana padronizada que durou toda a Idade Média. As rubricas estabeleceram o texto inicial de cada oração, antífona, responsório, salmo e leitura a serem usados em cada hora do ofício e em cada Missa diária. Assim, ele estabeleceu uma uniformidade litúrgica absoluta para toda a Ordem.[vii]
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[i] Isto é, algum tempo durante o patriarcado de Alberto, que tornou-se patriarca em 1206 e foi morto em 1214; cf. Clarke e Edwards (1973), pp. 12-13.
[ii] Para um estudo da história da Igreja do Santo Sepulcro, cf. Couasnon (1974).
[iii] Cf. Cicconnetti (1973) e Clarke e Edwards (1973).
[iv] Este decreto Ne nimia religionum está publicado no Conciliorum Oecumenicorum Decreta (1962), p. 218.
[v] Clarke e Edwards (1973), p. 83.
[vi] Sibert de Beka nasceu entre 1260 e 1270. Entrou para o Carmelo de Colônia em 1280. Ele foi prior desta casa e, mais tarde, provincial da Baixa Alemanha e mestre dos alunos de Paris. Morreu provavelmente em 29 de dezembro de 1332 em Colônia e está sepultado na igreja carmelitana desta cidade. Cf. Xiberta (1931), pp. 142ss.
[vii] A edição crítica do Ordinário de Sibert é encontrada em Zimmerman (1910).