Como um dos principais agentes do Serviço Secreto para o presidente Barack Obama no dia da posse em 2009, Joseph P. Clancy teve dificuldade em proteger alguém cercado por multidões de simpatizantes, que queriam se aproximar de um líder que adoram. Mas essas multidões parecem inofensivas em comparação ao que Clancy, o atual diretor da agência, disse ter visto neste ano ao acompanhar o papa Francisco e seu aparato de segurança na Cidade do Vaticano, enquanto caminhavam em meio ao público extasiado na Praça de São Pedro.
Clancy e outros altos funcionários do Serviço Secreto viajaram até lá para aprender como o papa interage com o público e para conhecer as autoridades de segurança do Vaticano, para tratar da segurança do papa durante sua visita aos Estados Unidos – uma peregrinação que representa um dos maiores desafios de segurança de seus 2 anos e meio de papado.
"O público atira coisas", disse Clancy, que assumiu como chefe do Serviço Secreto em outubro passado, em uma entrevista. "Eles atiram bandeiras, bonecas e, obviamente, bebês na direção dele. É difícil, porque não queremos que nossos agentes reajam de forma excessiva. Ele também não deseja ver uma reação excessiva, mas não queremos deixar passar nada."
Durante os seis dias da visita de Francisco aos Estados Unidos, o Serviço Secreto cuidará do que é considerado por especialistas em segurança nacional como algo terrivelmente difícil: proteger um pontífice que não deseja permanecer em seu papamóvel.
O Serviço Secreto não discute quantos agentes e policiais participarão da proteção ao papa durante sua viagem, que incluirá paradas em Washington, Nova York e Filadélfia. Mas com a expectativa de que os públicos chegam a centenas de milhares, as autoridades federais dizem que será uma das maiores mobilizações de agentes de segurança na história americana.
Durante a visita de Clancy e em outras discussões entre o Serviço Secreto e o Vaticano, os assessores do papa insistiram que Francisco deseja poder parar os veículos em qualquer ponto, para sair e se misturar com as pessoas na rua. Assim como tentou tornar a Igreja Católica Romana mais aberta e acolhedora, Francisco transformou em marca de seu papado descartar as formalidades e interagir com estranhos surpresos, por telefone e pessoalmente.
Francisco, que passou a ser conhecido como o Papa do Povo, se movimenta muito mais livremente do que seus antecessores. Quando João Paulo 2º, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato no início de seu papado, e o papa Bento 16 apareciam perante as multidões, eles costumavam permanecer no interior de um dos muitos veículos especialmente adaptados conhecidos como papamóveis. Para tentar proteger Francisco, as autoridades adotarão várias medidas incomuns. Vários espaços cercados serão montados ao longo das rotas da comitiva do papa para espectadores que foram revistados à procura de armas e explosivos. Nenhum pau de selfie será autorizado perto do papa.
Em Nova York, será ilegal operar um drone e não haverá serviço postal em algumas áreas. Em Washington, as autoridades esperam tantos congestionamentos que muitos funcionários federais. Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br