Passarei pela vida sem deixar nenhum sinal mais forte, marca
nenhuma duradoura e inesquecível. Não escreverei a Suma Teológica,
nem a Divina Comédia. Não serei S. Vicente de Paula, nem S. João
Bosco. Olharei de longe S. Francisco Xavier sem poder imitá-lo.
Mais de longe ainda S. Francisco de Assis. Escreverei uns artiguinhos
quaisquer em duas ou três revistas. Talvez deixe uns dois livros,
que umas duzentas pessoas cheguem a ler. Pregarei alguns sermões
mais ou menos louvados. E morrerei. No meu enterro alguém
comentará que eu não produzi o que podia produzir.
Padre Helder Camara, aos 34 anos.
Do manuscrito inédito A escolha de Deus, de 1943.