Frei Jorge V. Kampen, O. Carm. In Memoriam. ( * 17/04/1932 + 08/08/2013)
Ao crucificar Jesus no meio de dois ladrões os chefes judeus pensaram em rebaixar Jesus. Mas sem dar conta fazem cumprir até em detalhes a profecia de Isaías (53,9), sobre a morte de Cristo. Os dois ladrões representam a humanidade pecadora ao lado de Jesus, que morre. Um deles se agarra às esperanças humanas e desejaria ganhar alguns momentos, antes de apagar a sua vida. Para ele Cristo não serve. O outro se deixa levar pela confiança neste amigo maior, que é Jesus, e que vê mais além da morte. Com um só ato de fé alcança a vida eterna. Já no tempo de Jesus, os judeus acreditavam na ressurreição dos mortos, e também sabiam que o homem não deixa de existir entre o momento da sua morte e a hora da ressurreição de todos os mortos. Comparavam o lugar dos mortos a um país extenso, dividido em duas extensões separadas ( Lc16,19 ss). Uma dessas regiões era o inferno, da qual ninguém podia salvar-se. O outro era o Paraíso, em que os bons estariam juntos (Luc. 16,22), esperando a ressurreição. Nesta festividade da Santa Cruz queremos lembrar-nos que Cristo deu a Sua vida para nos salvar.
Introdução às leituras.
Nesta vida devemos lembrar-nos que os nossos sofrimentos e contratempos desta vida nos deve levar à conversão e arrependimento das nossas falhas. A primeira leitura (Num. 21,4-9) mostra que a ingratidão do povo leva Deus ao perdão e cura. A segunda leitura (Fil. 2,6-11) Paulo lembra os cristãos de Filipos, que pecaram pelas divisões e orgulho e que Cristo sofreu na cruz com toda a humildade. O evangelho (João 3,13-17) mostra que Cristo morreu na cruz para dar vida, aos que não dão valor à vida.
Reflexão.
Nicodemos é membro do Conselho Supremo dos Judeus, homem culto e de boa fé, que reconhece em Jesus o enviado de Deus. Elogia-o com o título tão apreciado de Mestre, esperando dele algum ensinamento religioso.
O que falaram aquela noite? Sabemos que Nicodemos permaneceu fiel admirador de Jesus, mas não entrou no grupo dos seus discípulos.
Suas relações e suas tradições não o permitiram mudar o rumo da sua vida e entrar no grupo dos que seguiam Jesus, totalmente entregues ao Reino, que anunciavam: para entrar no Reino, tinha que nascer de novo.
Sem dúvida, o Evangelho usa uma expressão, que se pode entender de duas maneiras: nascer de novo e nascer do alto. É que a vida cristã não é somente uma mudança exterior. Como se tratasse de ir pregar o Evangelho ao lado de Jesus ou de reformar os nossos costumes. Ele que crê e se batiza, nasce de Deus, como diz João em vários lugares. E a pergunta desatinada de Nicodemos dá a Jesus a oportunidade para insistir na mudança profunda e misteriosa, que se produz naquele que crê, porque há de nascer da água e do Espírito Santo. Água quer dizer: pelo rito do batismo efetuado pelos homens; do Espírito, que quer dizer, que por este gesto Deus comunica o Seu próprio Espírito. Nos Atos dos Apóstolos se ressalta a atuação nos primeiros anos da Igreja dos cristãos batizados,que guardava e viviam a palavra de Deus,outorgada por Jesus. Por isso acreditamos na vida eterna e somos filhos de Deus. Jesus veio ao mundo como uma luz, que clareia o caminho da vida, para ressuscitar para a vida eterna.