Vem aí o guia do Vaticano para dar novamente motivação para padres e freiras. Da exortação a não cair nas promessas fáceis ao convite a não se fossilizar no passado, os Quaderni di Vita Consacrata. Laboratorio di governo (publicados pela Libreria Editrice Vaticana) – editados pela subsecretária da Congregação para a Vida Consagrada, Ir. Nicla Spezzati (junto com Jiménez Echave, missionário claretiano, oficial da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, e o Pe. Santiago Gonzáles Silva, reitor do Instituto de Teologia da Vida Consagrada “Claretianum”) – evidenciam erros e fraquezas mais frequentes de consagrados e consagradas ara evitar improvisações e preencher lacunas. A reportagem é do sítio ADN Kronos, 08-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada enfatiza a importância de incluir na formação continuada uma séria iniciação ao governo: porque essa tarefa às vezes é confiada com improvisação e implementada de forma imprópria e incompleta”, é a premissa. Pede a consagrados e consagradas, portanto, acima de tudo, franqueza: “Em vez do estilo convencional, até mesmo melífluo, se deveria seguir um estilo caracterizado pela liberdade e pela franqueza”.

O alerta se dirige às chamadas escolas de espiritualidade que “nisso – denuncia o volume ‘No serviço da identidade cristã’ – têm responsabilidades graves, obcecadas pela própria coerência, em vez de estarem atentas a reconhecer a surpreendente graça de Deus, multiplicaram os perfis vagos e evanescentes, sequestrando a inovação e reduzindo-a a formas superadas e fossilizadas”.

Olha-se com preocupação para “a ausência de novas vocações, a progressiva desativação do percurso formativo, contração numérica dos religiosos/as ou das comunidades, o que gera indiferença a qualquer mudança”. Entre as situações mais perigosas, por serem “menos percebidas”, está a “progressiva desmotivação dos religiosos/as ou das comunidades, o que também gera indiferença a qualquer mudança”. O convite a religiosos e religiosas é a não cair em promessas fáceis. “Muitas vezes, nas instâncias de participação/consulta, prometem mais do que podem cumprir. Essa é uma dimensão subestimada: está em jogo o capital não apenas de credibilidade do grupo, mas também da sua confiabilidade”, adverte-se.

Atenção também à resignação e a atitudes muito nostálgicas: “Há anos, os sinais de mudança da vida religiosa em nível mundial, particularmente na Europa, são múltiplos. Sinais fortes, preocupantes. Correspondem a eles reações nostálgicas, hoje curiosamente em fase de evidência; reações de remoção dos problemas e reações de resignação, ainda mais generalizadas”.

Pede-se que padres e religiosas se esforcem para se defrontar com a capacidade de “arriscar” e, como muitas vezes pede o Papa Francisco, de ser criativo: “A criatividade para o carisma é contato com a novidade autêntica e intacta, com um dinamismo que não se curvou ao desgaste do tempo, que encontra no tempo histórico uma oportunidade para manifestar o inédito”. Sobre esse aspecto, as religiosas ganham dos religiosos: “As fundações femininas oferecem as provas mais convincentes e os progressos mais ousados”.

Uma atenção particular também é pedida para a preparação cultural dos jovens religiosos que, exorta o manual, não pode estar ligada a “leituras parciais, exortativas”, nem se reduzir ao relato de “anedotas: apenas um conhecimento mais crítico pode fortalecer a cultura espiritual, as motivações do pertencimento e da responsabilidade com uma fidelidade criativa”.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br