Um pároco da cidade italiana de Montesilvano criticou o Papa Francisco durante a missa. O Pe. Edward Pushparaj, da Índia, disse que Francisco tem feito um mal à Igreja, referindo-se ao fato de o papa ter lavado lavar os pés de uma muçulmana na liturgia da Quinta-Feira Santa em 2013. Em Montesilvano, muitos paroquianos se retiraram na ocasião.

O comentário é de Pat Perriello, professor aposentado da rede pública de ensino de Baltimore, trabalhou como coordenador dos Serviços de Orientação e Aconselhamento e professor associado na Universidade Johns Hopkins, publicado por National Catholic Reporter, 18-04-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Parece que as críticas a Francisco estão aumentando e se tornando mais abertas e intensas. O que há com este papa que está transformando-o numa figura cada vez mais polêmica? Um motivo, evidentemente, é que ele vem criando um papado mais aberto, onde a dissensão é tolerada e até mesmo incentivada. A oportunidade de compartilhar as nossas ideias e pensamentos, no entanto, não deveria incluir faltar com o respeito.

É também justo dizer que há um sentimento crescente nos EUA e em partes da Europa que se coloca em oposição a muitas das prioridades papais. Francisco põe em destaque a misericórdia e a compaixão. Ele espera que exercitemos um sentido de carinho pelos milhares e milhares de refugiados, incluindo mulheres e crianças, pessoas desesperadas em encontrar um lugar onde suas famílias possam viver sem o medo da violência.

Sem dúvida, mensagem de Francisco parece quintessencialmente cristã. Como um cristão poderá discordar de uma mensagem de amor que estende a mão para ajudar o próximo? O cuidado dos pobres está no coração do evangelho de Francisco. As histórias bíblicas do bom samaritano, do filho pródigo e da mulher pega em adultério exemplificam o cristianismo adotado por Francisco. Pessoas são mais importantes do que regras. A salvação vem de como tratamos as outras pessoas, e não da adesão estreita a um conjunto codificado de prescrições.

No entanto, parece que um número elevado de pessoas se preocupa apenas com as suas próprias necessidades pessoais. Prestam pouco interesse às necessidades alheias. Leis são feitas para aumentar a riqueza dos que já são ricos e para negar benefícios aos necessitados. Ninguém quer ouvir o clamor dos pobres. Quem vai se colocar em defesa das necessidades dessas pessoas?

Um medo dos que têm uma aparência diferente, ou que professam crenças religiosas diferentes, é alimentado com pouca ou nenhuma atenção aos fatos relevantes. Imigrantes em procura de uma vida melhor para suas famílias estão sendo mandados de volta para os países de origem, independentemente dos perigos que possam aí enfrentar. O fato de terem vivido a maior parte de suas vidas em um dado país não significa nada. Negamos a entrada em nossos países a estrangeiros que achamos poderem representar algum perigo por causa da religião que professam. Deixamos que permaneçam em campos inóspitos, sem esperança alguma em vista, milhares de refugiados.

Francisco transforma-se na voz dos que clamam no deserto. Precisamos unir nossas vozes à dele, e às dos paroquianos que se retiraram da igrejinha italiana citada no início. Precisamos lembrar aqueles que se esqueceram que somos, todos nós, irmãos, e tudo o que fizermos ao menor dos nossos irmãos e irmãs estaremos fazendo para o Senhor.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br