Cidade do Vaticano, 01 mai 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu a necessidade de uma reflexão sobre global sobre o “trabalho justo” e o respeito pela dignidade humana, a começar no “processo produtivo”.
“O trabalho justo é aquele que não só assegura uma remuneração com equidade mas também o que corresponde à vocação da pessoa e, por isso, é capaz de desenvolver as suas capacidades”, referiu, numa mensagem enviada à reunião plenária da Academia das Ciências Sociais. O organismo da Santa Sé, presidido por Margaret Archer, promove a sua sessão plenária de 2017 até esta terça-feira.
O Papa observa, na sua mensagem, que o trabalho transforma a pessoa e, por isso, tem uma dimensão moral. “O trabalho não é um mero fator da produção que, como tal, deva adequar-se às exigências do processo produtivo, para lhe aumentar a eficiência. Pelo contrário, é o processo produtivo que tem de ser organizado de forma a permitir o crescimento humano das pessoas, a harmonia dos tempos de vida familiar e laboral”, escreve.
Francisco propõe o alargamento da noção de “justiça” para lá do “momento distributivo da riqueza”, para que esta possa chegar ao momento da “produção”. “É preciso também perguntar se o processo produtivo se desenvolve ou não no respeito pela dignidade do trabalho humano, se respeita os direitos humanos fundamentais, se é compatível com a norma moral”, acrescenta.
O Papa recorda a Doutrina Social da Igreja e o ensinamento dos seus predecessores para apresentar a fraternidade como “princípio regulador da ordem económica”.
“É preciso remediar o erro da cultura contemporânea, que fez crer que uma sociedade democrática pode progredir mantendo separados o código da eficiência e o código da solidariedade” pediu. Francisco refere que é necessário procurar um “caminho de saída da sufocante alternativa” entre teses do neoliberalismo e do neoestatismo.
“É urgente intervir sobre as causas do mau funcionamento, sobretudo no campo financeiro, em vez de limitar-se a corrigir os seus efeitos”, realça, num texto enviado à Agência ECCLESIA. O Papa diz que as guerras, as mudanças climáticas e as desigualdades são as causas da “maior migração forçada” da história da humanidade, que atinge hoje “mais de 65 milhões de pessoas”.