Justin Taylor, sm.
Jesus e os discípulos foram desde o início chamados “nazoreus”, termo mantido em siríaco e hebraico. Porém, como vimos, o termo latino christiani, dado pelos romanos a agitadores messiânicos, foi atribuído aos discípulos em Antioquia, em uma época de distúrbios. O nome firmou-se em grego e em latim. Que isso acontecesse é ainda mais notável, visto que, estritamente falando, o cristianismo paulino não é messianismo: “Cristo” tornou-se nome próprio, e a narrativa de Pentecostes em At 2 tem o cuidado de evitar a pergunta (messiânica) final dos discípulos, que aguardam o restabelecimento do Reino para Israel (At 1,6). Podemos bem nos admirar por que o cristianismo neotestamentário, em especial com os novos horizontes abertos por Paulo, ainda sentia a necessidade de conservar uma ligação polêmica com o judaísmo, declarando-se a “nova Aliança” e transformando o messianismo, em vez de cortar todos esses laços e lançar-se em águas inteiramente novas.
Se os nomes de Cristo (Ungido) e cristão foram preservados, embora desviados do sentido primitivo, só pode ser porque originalmente eles tinham alcance apreciável, presumivelmente ligado a unção. Além disso, em uma cultura tão sensível a sinais como o judaísmo, precisamos começar a procurar não arranjos inteligentes com versículos, nem sutis alusões bíblicas a um rei-Messias ou a um sacerdote-Messias, mas pontos de referência concretos, isto é, seguir o método que usamos até agora, ritos em vez de acontecimentos ou doutrinas.
Falando francamente: as informações disponíveis são vagas demais para levar a certas conclusões. Teremos de nos contentar com suposições baseadas em indicações convergentes e distinguir duas partes: primeiro, tratar das unções propriamente ditas; em seguida, fazer algumas observações sobre o sinal da cruz.
*Justin Taylor, sm. As origens do cristianismo