Há um ano, Mauro Inzoli – por 30 anos, líder carismático do Comunhão e Libertação em Cremona, na Itália, e fundador do Banco de Alimentos – teve que ressarcir com 25 mil euros cinco vítimas dos seus abusos sexuais. Na manhã dessa quarta-feira, 28, foi divulgada a notícia de que o papa o reduziu ao estado laical. A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 28-06-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A notícia que repercutiu imediatamente na web foi fornecida diretamente pelo bispo de Crema – a diocese onde o ex-sacerdote estava incardinado –, Dom Daniele Gianotti, mediante uma carta aos fiéis publicada no site da diocese. É a primeira vez que um bispo anuncia aos fiéis, em total transparência, o tipo de procedimento tomado pela Santa Sécontra um sacerdote tão falado. 

Para entender o porte do gesto do bispo, basta pensar que a Conferência Episcopal Italiana não fornece (nem mesmo aos jornalistas) o número exato daqueles padres que, ao longo dos anos, foram reduzidos ao estado laical por abusos ou problemas relativos a comportamentos inadequados com crianças.

“Caríssimos e caríssimas, nos últimos dias, a Congregação para a Doutrina da Féme comunicou a decisão, tomada pelo Papa Francisco em 20 de maio com sentença definitiva, de demitir o Pe. Mauro Inzoli do estado clerical”, escreve o bispo, que acrescenta: “Não podemos pensar que o papa chegou a uma decisão tão grave sem ter avaliado atentamente diante de Deus todos os elementos em jogo, para chegar a uma escolha que fosse pelo bem da Igreja e, ao mesmo tempo, pelo bem do Pe. Mauro: porque nenhuma pena, na Igreja, pode ser infligida senão em vista da salvação das almas, que pode passar também por uma pena tão grave, a mais grave que pode ser infligida a um sacerdote. Portanto, acolhamos com plena docilidade ao papa essa decisão, conservando-a, acima de tudo, no santuário da oração.”

Em junho de 2016, o Pe. Inzoli havia sido condenado por pedofilia pelo tribunal de Cremona a quatro anos e nove meses e à proibição de se aproximar de locais frequentados por menores. O sacerdote já estava suspenso pela Congregação para a Doutrina da Fé.

“Peço a mim e a todos vocês – escreve ainda o bispo de Crema – que acompanhemos este momento em verdadeiro espírito de fé, trazendo na nossa oração, acima de tudo, os nossos irmãos que foram vítimas dos comportamentos que levaram o papa a essa decisão. A eles e às suas famílias, vai, mais uma vez, toda a solidariedade minha e da nossa Igreja, que não pode deixar de sentir uma profunda dor pelo mal cometido por um dos seus padres. Rezo para que o mal sofrido não afaste esses nossos irmãos da amizade com Deus e da comunhão com a Igreja, e para que possam experimentar a graça fiel de Deus, capaz de transfigurar em bem até mesmo os sofrimentos mais graves”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br