*Pe. João damasceno Penna

Vamos conhecer um pouco mais a origem de cada um em si destes mesmos Evangelhos. Verificaremos inicialmente os seus destinatários.

Mateus – Escreve para os Judeus recém-convertidos – Por trás de cada palavra sua, existe um contexto catequético, em relação aos irmãos da cultura judaica, para uma certa abertura em vista de um possível diálogo missionário. O que está em jogo aqui é a conversão destes judeus simpatizantes ao cristianismo nascente. Ele inicia o seu Evangelho com uma “genealogia” (espécie de carteira de identidade daquele povo judeu), para mostrar que Jesus é o Messias esperado pelos Profetas vindo pela linhagem do Rei Davi, para ser vamos dizer assim, um outro Moisés.

Marcos – Escreve para os Cristãos/judeus convertidos pela pregação de Pedro (comunidade Petrina). Sua catequese é estritamente batismal, como aparece muitas vezes embutida em todo o texto. Sua pregação tem como objetivo levá-los da iniciação cristã até o Seguimento, através de uma fé adulta (madura), para que a partir da humanidade de Jesus, possam responder quem afinal é mesmo esse “Filho do Homem”. Começa o seu Evangelho dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. O seu zelo pelo lado humano de Jesus, revela uma preocupação histórica de passar com certa segurança o seu conteúdo salvífico. Lembra-nos já os Atos dos Apóstolos, quando Pedro ao escolher Estevão e os outros diáconos para a pregação e serviço da mesa, deixando para ele, João e Tiago o encargo do Ministério da Palavra, como se dissessem: Vamos Escrever o Evangelho! Na verdade é claro que pouca coisa fora para o pergaminho nesta época, mas, é bom lembrar que o ministério da própria pregação oral, já era em si uma forma de confeccionar o conteúdo que mais tarde seria propriamente posto por escrito.

Lucas – (poderíamos dizer que ele escreveu vamos dizer assim o Evangelho de Paulo, movido pelo tema principal: O Espírito Santo) – Ele escreve a partir da pregação de Paulo, a pedido de um certo Teófilo, para cristãos convertidos do paganismo helênico espalhados por todo o Império Romano.

 João – Escreve para os Cristãos (Cristãs) da Ásia Menor, convertidos por ele, num período de muita tribulação causada pelos imprevistos da grande perseguição romana. Aqui neste Evangelho, ele procura fazer uma Cristologia descendente, para explicar o mistério do Verbo Encarnado __ Jesus é o Cristo, Filho de Deus – Caminho, Verdade e Vida. Combate dúvidas sobre questões ligadas à Divindade de Jesus, semeadas por um certo Cerinto que defendia: “Jesus era um simples judeu, filho de Maria e José, que no Batismo recebeu o verbo (o Cristo) e na Paixão o perdeu, gritando então ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes!’”. Combate também às seitas gnósticas. Enfim, combate todos os anticristos de sua época. Segundo a maioria de seus estudiosos, João é o Evangelho mais simbólico, detalhado, histórico e ao mesmo tempo teológico. João é quem mais nos dá pistas sobre o que escreveram a respeito de Jesus. Para confirmar isto tudo, leiam Jo, 20, 30.31; 21,24-25.

*Pe. João damasceno Penna nasceu em 27 de setembro de 1962, filho natural da princesa serrana Timbaúba/PE, é sacerdote diocesano na arquidiocese de São Sebastião no Rio de Janeiro.