Santa Teresinha do Menino Jesus, Carmelita.
“Minha vocação é o AMOR”. (Ms B, f. 3r)
“O amor pode suprir uma longa vida. Jesus não considera o tempo, pois no céu o tempo não existe mais. Ele só deve considerar o AMOR”. (CT 111)
Para Santa Teresinha Jesus é, no plano doutrinal, o Cristo. Entretanto, no plano afetivo, ao empregar o nome Jesus, demonstra familiaridade e proximidade com Ele, entrega amorosa “nota dominante” de sua doutrina e de sua vida e característica de sua santidade. Queria amar o bom Deus de forma muita intensa. E “o bom Deus” é Jesus. Na parede de sua cela escrevera: “Jesus é o meu único amor” (Proc. Ord., 1730). “Com o amor não somente avanço, mas vôo” (Ms A, f. 80v). Sua divisa carmelitana era “O amor, só com amor se paga”, lema tomado de João da Cruz (Cântico espiritual, estr. 9,7). “A cada instante o Amor Misericordioso me renova, purifica e não deixa em meu coração vestígio algum de pecado” (Ms A, f. 84r). O amor é para Santa Teresinha a fonte de energia que fecunda toda a sua vida espiritual.
Para compreender o amor de Deus e traduzi-lo em palavras compreensíveis desde a Bíblia, passando pela Liturgia e pelos santos, precisamos de usar muitos raciocínios e elecubrações. Santa Teresinha pouco usa a literatura teológica para compreender o AMOR. Sua atitude preferida, no amor como em tudo o mais, é uma atitude vivencial muito profunda: aquela que reconhece a transcendência divina e os privilégios da graça da filiação divina, conciliando com audaciosa confiança a dimensão da justiça e da misericórdia do amor de Deus. O caráter filial de seu amor é o corolário de sua síntese de vida: permanecer sempre “bem pequenina” em face de Deus, confiante como a criancinha em seu pai, sabendo ser-lhe agradecida seja quando está adormecida, seja quando está acordada (Ms A, f. 75v).
Santa Teresinha expressa seu amor em gestos concretos, para “agradar a Jesus”, num eco ao próprio Jesus: “Faço sempre aquilo que é do agrado de meu Pai” (Jo 8,29). Perguntava-se às vezes angustiada: “O puro amor existirá mesmo em meu coração? Meus imensos desejos não são um sonho, uma loucura? ” (Ms B, f. 4v). Desejava viver um amor desinteressado; amar o bom Deus por Ele mesmo, sem qualquer introversão egoística. São frequentes as suas palavras confirmando este anseio. Numerosas vezes fala deste seu desejo ardente e confidencia que teria medo se “Jesus me dissesse que sou egoísta” (CT 65).
*Retiro Espiritual Carmelitano n. 6: A CAMINHO COM TERESA DO MENINO JESUS- Subsídio elaborado por AUGUSTA DE CASTRO COTTA C.D.P. e EMANUELE BOAGA O.Carm. In Memoriam.