“Acolhendo a proposta da Congregação para a Evangelização dos Povos, indico um mês missionário extraordinário em outubro de 2019, a fim de despertar ainda mais a consciência da missio ad gentes e de retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral.” Foi o anúncio – já conhecido há alguns meses – contido na mensagem que o Papa Francisco enviou ao prefeito da Propaganda Fide, o cardeal Fernando Filoni, lembrando a aproximação do centenário da carta Maximum illud, com a qual Bento XV deu um novo impulso às missões. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 22-10-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Era o ano de 1919: ao término de um terrível conflito mundial, que ele mesmo definiu como ‘inútil massacre’, o papa sentiu necessidade de requalificar evangelicamente a missão no mundo – afirma Francisco –, para que fosse purificada de qualquer incrustação colonial e se mantivesse distante daquelas ambições nacionalistas e expansionistas que causaram tantos desastres. ‘A Igreja de Deus é universal, nenhum povo lhe é estranho’, escreveu, exortando também a rejeitar qualquer forma de interesse, já que só o anúncio e a caridade do Senhor Jesus, difundidos com a santidade da vida e com as boas obras, são a razão da missão.” 

Assim, Bento XV “deu um impulso especial à missio ad gentes, esforçando-se, com o instrumentário conceitual e comunicativo em uso na época, para despertar, particularmente no clero, a consciência do dever missionário”, que responde “ao perene convite de Jesus: ‘Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura’”. 

Um “mandato do Senhor” que “não é uma opção para a Igreja; é a sua ‘tarefa imprescindível’” como recordou o Concílio Vaticano II, pois a Igreja “é, por sua natureza, missionária”. Para corresponder a essa identidade missionária, escreveu ainda Francisco, citando as palavras do Concílio, “é necessário que a Igreja, sempre movida pelo Espírito Santo, siga o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e do sacrifício de si mesmo”.

O Papa Bergoglio também lembrou as palavras de São João Paulo II, convencido de que a missão “renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã, dá novo entusiasmo e novas motivações. É dando que a fé se fortalece!”.

Por fim, o papa citou as palavras escritas por ele na exortação Evangelii gaudium: “Espero que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma ‘simples administração’. Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’. (…) A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade”.

Ao se aproximar o centenário da Maximum illud, Francisco, então, pede para se “superar a tentação recorrente que se esconde por trás de toda introversão eclesial, de todo fechamento autorreferencial nas próprias fronteiras seguras, de toda forma de pessimismo pastoral, de toda estéril nostalgia do passado, para, em vez disso, nos abrirmos à alegre novidade do Evangelho. Também nestes nossos tempos, dilacerados pelas tragédias da guerra e insidiados pela triste vontade de acentuar as diferenças e fomentar os confrontos, seja levada a todos, com renovado ardor, e infunda confiança e esperança a Boa Nova de que, em Jesus, o perdão vence o pecado, a vida derrota a morte, e o amor vence o medo”.

E convocou um mês missionário extraordinário para outubro de 2019, para que “todos os fiéis tragam verdadeiramente no coração o anúncio do Evangelho e a conversão das suas comunidades em realidades missionárias e evangelizadoras; para que cresça o amor pela missão”. http://www.ihu.unisinos.br