RIO — Aos 23 anos, Matheus Melo estava cheio de planos. Era técnico em segurança, pregava para jovens da igreja evangélica que frequentava e tinha uma namorada com quem já pensava em se casar. O trajetória dele, porém, foi interrompida no fim da noite desta segunda-feira: o rapaz foi baleado na Avenida Dom Hélder Câmara, não muito longe da Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, pouco depois das 22h — ele estava a caminho de casa, em Higienópolis, na Zona Norte do Rio, na ocasião. De acordo com familiares, os disparos teriam sido efetuados por policiais militares.

Antes de ser atingido, Matheus havia saído da Igreja Missão e Fé, em Manguinhos, onde dirigia uma reunião de jovens da mesma religião. Ao deixar o local, a vítima acompanhou a namorada até a casa dela, na comunidade do Jacarezinho. Foi no momento em que retornava para sua residência, também na região de Manguinhos, que ele foi baleado. Segundo amigos, o rapaz, que estaria de moto, não teria percebido a ordem de parada dos PMs e foi baleado e morto em seguida.

Matheus, contam os parentes, foi atingido em um dos braços e na região do tórax. Ferido, ele não chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos por homens que estavam na avenida.

— Ele estava em um refúgio jovem. Quando o grupo de moças e rapazes da igreja se reúnem para ensaiar louvores, fazer algumas orações e desabafar e trocar experiências sobre suas vidas. O Matheus estava dirigindo o encontro desta segunda-feira. No final, ele levou a namorada em casa, no Jacarezinho. Na volta, se deparou com uma viatura. Em vez de parar ou abordar, atiraram nele — relatou a tia do jovem, Elen Cristina, que complementou. — Na Avenida Dom Hélder Câmara, uns viciados (em entorpecentes) viram a cena e levaram o Matheus até a UPA (de Manguinhos) em uma "burrinha" (espécie de carrinho de mão).

Jovem integrava igreja evangélica em Manguinhos Foto: Reprodução/Facebook

A família de Matheus está em estado de choque com a morte repentina do jovem. Parentes contaram que dezenas de amigos —"cerca de cem pessoas" — foram até a porta da unidade de saúde depois de tomarem conhecimento sobre o que ocorrera com a vítima.

— É uma dor muito grande. Parece que nos arrancaram um pedaço à força. Meu irmão está transtornado e minha cunhada precisou ser dopada. Só a misericórdia! Eles estão muito mal — afirmou a tia de Matheus. — Um menino divertido e muito alegre. Faltam palavras para falar do perfil dele. Era técnico em segurança e trabalhava na parte ambiental da Fundação Oswaldo Cruz.

A namorada de Matheus também ficou em estado de choque depois que ficou sabendo da morte do rapaz. Ele pensava em ficar noivo e se casar com ela.

— Eram os projetos dele, o sonho dele. E tudo acabou assim desse jeito. — desabafou a tia da vítima.

De acordo com moradores da região, no momento em que Matheus foi baleado não ocorria confronto nem tiroteio na Avenida Dom Hélder Câmara.

Na mesma região onde ocorreu a morte do jovem, mas numa situação, a princípio, distinta, um ônibus foi incendiado na Avenida dos Democráticos, no fim da noite desta segunda-feira. De acordo com a PM, o incêndio teria sido provocado por um bando naquela área. O fogo foi controlado por bombeiros.

A situação estava tensa na comunidade, já que, ainda conforme informou a corporação, criminosos atacaram a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos. Houve tiroteio. Neste caso, não há informações de pessoas feridas. Fonte: https://extra.globo.com