Com um girassol na mão, o deputado estadual Marcelo Freixo foi um dos primeiros a chegar a missa em homenagem a Marielle Franco, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro do Rio. A cerimônia marca um mês da morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
- Esse é um momento de dor e de saudade, mas temos o compromisso de todo dia mantê-la viva, nas ruas, na luta e na memória - disse Freixo.
Muito emocionada, a mãe de Marielle, a advogada Marinete Franco, contou que se comove com todas as manifestações de carinho pela filha:
- Sinto muito orgulho dela. Minha filha foi uma guerreira e vai continuar sendo - afirmou Marinete, que diz estar sobrevivendo pela fe em Deus e o apoio da população: - O que aconteceu com minha filha foi cruel. Em época nenhuma uma mãe pode enterrar um filho. E eu enterrei a minha de forma precoce, trágica e dolorosa. Mas a nossa família, a sociedade e o mundo esperam uma resposta. Tem muita gente caminhando conosco e isso nos conforta.
Pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva, diz que tenta transformar a dor em atitudes que honrem o legado deixado pela filha:
- Vamos dar continuidade a luta dela, que sempre foi a favor do diálogo aberto, construtivo e no sentido de promover a paz - lembrou Antônio, que continua aguardando a definição sobre o assassinato de Marielle: - Calaram covardemente minha filha. Nunca vou cansar de dizer isso. E a única arma que ela possuía era a voz, que foi calada. Não deram a ela nenhuma chance de se defender. Vamos continuar acompanhando de perto as investigações para descobrir quem matou e por que matou.
Ao chegar para a missa, a irmã de Marielle, Anielle Silva, falou sobre as demonstrações de carinho e afeto:
- Eu acho que acalenta um pouco a gente. E ao mesmo tempo deixa a gente orgulhoso do que ela. Óbvio que não está sendo fácil. São 30 dias de um vazio muito grande. Minha mãe ainda está muito abalada. São sentimentos difíceis. Não só pela morte mas pelo que veio depois. São 30 dias de uma luta que a gente sabe que está apenas começando.
Na frente do altar, foi colocado um quadro pintado por Marcones Rocco e que foi dado de presente para o Museu da Maré. Segundo um dos diretores do museu, Lourenço Cezar da Silva, amigo de Marielle há mais de 20 anos, a intenção é criar no local, até junho, um memorial em homenagem a vereadora.
Ao fim da missa, por volta das 12h30, foram distribuídas flores vermelhas e brancas para o público. E o padre Silmar convidou os presentes a permanecerem na igreja para um tributo em forma de música a Marielle e Anderson. No repertório, canções como"Medalha de São Jorge", "Juízo final", "Sal da terra", entre outras.
Desde cedo, família e amigos participaram dos atos “Amanhecer por Marielle e Anderson”, espalhados por diversas praças da cidade e do mundo. As ações coloriram espaços públicos e preencheram os locais com mensagens - como "Lute como uma Marielle" e "Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"
A manifestação "Marcha e Tambores por Marielle e Anderson" está marcada para as 17h deste sábado. A concentração será nos Arcos da Lapa, e a intenção é seguir em caminhada, ao som de tambores e outros instrumentos, até o Estácio, onde Marielle e Anderson foram mortos a tiros no dia 14 de março. Fonte: https://extra.globo.com