Explosões reivindicadas pelo Estado Islâmico ocorreram em um intervalo de 30 minutos e tinham como objetivo atingir a sede dos serviços de inteligência do país e os profissionais da imprensa que se dirigiram ao local; ao menos 49 pessoas ficaram feridas
CABUL - Ao menos 25 pessoas, incluindo 9 jornalistas, morreram e outras 49 ficaram feridas em dois atentados suicidas nesta segunda-feira, 30, na capital do Afeganistão, Cabul. O segundo ataque foi dirigido especificamente contra a imprensa.
Em outro ataque suicida no sul do país, na província de Kandahar, um carro-bomba explodiu contra um comboio de militares romenos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e matou 11 crianças.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques em Cabul. Em um comunicado divulgado em um site de propaganda, o grupo afirma que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência (NDS) e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local. Os ataques foram conduzidos na zona de Shash Darak, conhecida por sediar o Centro dos Serviços de Inteligência do Afeganistão, a Organização do Tratado do Atlântico Norte
"(Os alvos foram) os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos", completou o braço do EI no Afeganistão.
Os atentados foram conduzidos na zona de Shashdarak, onde também estão a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e várias embaixadas estrangeiras. "Seis jornalistas e quatro policiais estão entre os mortos nas duas explosões", afirmou o porta-voz do ministério do Interior, Najib Danish.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Centro de Jornalistas do Afeganistão anunciaram que nove profissionais da imprensa morreram no atentado - o maior número de vítimas entre trabalhadores da mídia em um único ataque no país -, entre eles Shah Marai, diretor de fotografia da France-Presse em Cabul.
De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado como um fotógrafo, carregando uma câmera.
Cabul se tornou, de acordo com a ONU, o local mais perigoso do Afeganistão para os civis com um aumento dos atentados, geralmente cometidos por homens-bomba e reivindicados pelo Taleban ou pelo EI.
Os atentados contra civis provocaram o dobro de vítimas nos primeiros três meses de 2018 - 763 civis mortos, 1.495 feridos - em comparação com o mesmo período de 2017.
Um ataque no dia 22 de abril na capital afegã deixou quase 60 mortos e 20 feridos em um bairro de maioria xiita. No dia 27 de janeiro, um atentado na cidade provocou 103 mortes e deixou mais de 150 feridos. Fonte: http://internacional.estadao.com.br