A morte de Gugu Liberato (1959-2019), um dos apresentadores mais populares da história da TV brasileira, é uma notícia importante sob qualquer ponto de vista. Mesmo assim, tem chamado atenção o espaço generoso e o tom emotivo adotado pela Globo desde quinta-feira (21), quando foi divulgada a notícia do acidente.
O anúncio da morte de Gugu foi feito na noite de sexta-feira (22), minutos após a divulgação do comunicado oficial, por William Bonner no "Jornal Nacional" e obrigou o telejornal a alterar o seu roteiro, terminando em silêncio, sem a tradicional trilha. No "Jornal da Globo", na mesma noite, foi a principal notícia e ocupou 20 dos 35 minutos da edição. Na manhã de sábado, Gugu apareceu nos primeiros 15 minutos do "É de Casa" e, pouco tempo depois, foi o maior destaque do telejornal "Hoje". Nos próximos dias, "Fantástico", "Mais Você", "Encontro com Fátima Bernardes" e "Se Joga" são outros programas que devem tratar do assunto com destaque.
Por Gugu estar vinculado à Record, uma concorrente com a qual a Globo tem relações hostis, imaginava-se que a cobertura da morte do apresentador seria mais sóbria e sintética, como foi, por exemplo, o "Jornal Nacional" sobre a morte de Marcelo Rezende, em 2017. Não é o que está ocorrendo. Houve uma recomendação da cúpula da emissora no sentido de dar ao assunto o destaque que ele merece. E as razões para esta atitude podem ser as seguintes.
Uma questão de imagem. A Globo entende melhor hoje que é muito antipático fechar os olhos para a realidade. Pressionada por um exército de "haters" nas redes sociais, a emissora seria bombardeada se não fizesse uma cobertura digna da morte de Gugu.
Uma questão de Ibope. As circunstâncias trágicas da morte de Gugu, aos 60 anos, comoveram mesmo quem não era fã do apresentador. O assunto é, de longe, o mais comentado e falado hoje no país. É evidente que traz audiência para qualquer veículo - e a Globo não está em condições de abrir mão disso em 2019.
Uma razão histórica. Gugu foi contratado da Globo por alguns meses, em 1987. Foi escolhido por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, como a arma para vencer Silvio Santos aos domingos. Num episódio célebre, Silvio pegou Gugu pelo braço e foi ao Rio conversar com Boni e, em seguida, Roberto Marinho para conseguir o distrato. Com a desistência de Gugu, Boni escolheu Fausto Silva para a tarefa.
Um motivo óbvio. Gugu foi um dos maiores comunicadores da televisão brasileira e reconhecer isso, como está fazendo a Globo, não é mais do que obrigação. Fonte: https://tvefamosos.uol.com.br