Longa de Petra Costa disputa uma estatueta com dois filmes sobre a guerra síria, uma produção do casal Obama e um longa da Macedônia indicado a melhor filme internacional
O longa documental Democracia em vertigem (The edge of democracy, no título internacional em inglês) pode render ao Brasil, neste domingo, seu primeiro Oscar na categoria Melhor Documentário. Mas o filme da cineasta brasileira Petra Costa, dedicado à crise política que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff da presidência, tem adversários fortes na disputa por uma estatueta: há duas produções sírias com narrativas distintas sobre a guerra que há quase dez anos destrói o país; um longa focado sobre o impacto da entrada da indústria chinesa em uma pequena cidade dos EUA (que tem entre os produtores o casal Barack e Michelle Obama); e um documentário que conta com sensibilidade a história de uma apicultora da Macedônia do Norte―filme que concorre também a um Oscar de melhor filme internacional (antes chamado de filme estrangeiro).
A seguir, conheça os quatro adversários de Democracia em vertigem indicados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Honeyland, de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov
A Macedônia do Norte estreou seu nome em 2019 e o fez colocando um de seus filmes nas salas de cinema de todo o planeta. Neste documentário, Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov traçam um paralelo entre as vidas de uma colônia de abelhas afetadas pelo caos do mundo moderno e de sua cuidadora, a apicultora Hatidze, que também vê sua tranquila rotina rural interrompida pela chegada de uma família concorrente que não partilha de seu zelo pela apicultura, conquistou os críticos no mundo todo. No Brasil, Honeyland foi ovacionado durante sua exibição Mostra de Cinema de São Paulo no ano passado.
For Sama, de Waad Al Kateab e Edward Watts
O longa For Sama é o relato pessoal e corajoso da jornalista síria Waad Al Kateab, que o faz como uma espécie de carta visual para a filha Sama, que nasce em Aleppo durante a guerra civil. O documentário, que acompanha a vida da família e a rotina do hospital comandado pelo marido da diretora, o médico Hamsa, chega fortalecido após conquistar o prêmio Bafta (os troféus cinematográficos dados pela Academia de Cinema Britânica) na mesma categoria.
Indústria Americana (American Factory), de Steven Bognar e Julia Reichert
Nesta produção original da Netflix, os diretores Steven Bognar e Julia Reichert debatem as frágeis e voláteis relações trabalhistas norte-americanas a partir da abertura de uma indústria chinesa no pós-crise dos EUA. O que começa otimista com a contratação de 2.000 operários norte-americanos em Ohio, logo evolui para um conflito cultural com a mão-de-obra chinesa. O filme, uma parceria com a Higher Ground (produtora recém-criada pelo ex-presidente Barack Obama e pela ex-primeira-dama Michelle), chega ao Oscar 2020 como favorito nos bolões de apostas a levar a estatueta.
The Cave, Feras Fayyad
Mais um documentário que tem a guerra da síria como foco, desta vez para contar agora a história de um time feminino de médicas que arrisca a vida para salvar as vítimas do conflito sírio, enquanto enfrenta o machismo sistêmico do país. Por ser a segunda vez em que o diretor Feras Fayyad concorre a uma estatueta de melhor documentário ―em 2018, Últimos Homens em Aleppo foi indicado―, o filme produzido pela National Geographic também chega forte à disputa do Oscar 2020. Fonte: https://brasil.elpais.com