Um deles criticou declaração de Erick Rianelli feita ao vivo, em 2020, para o marido; Sindicato dos Jornalistas e TV Globo emitiram nota se solidarizando com o casal
Erick Rianelli se declarou ao vivo para o marido, Pedro Figueiredo, e foi alvo de comentários homofóbicos Foto: Reprodução / Instagram
RIO — Os repórteres Erick Rianelli e Pedro Figueiredo, da TV Globo, foram alvo de ataques homofóbicos no último fim de semana por parte de um padre e de um empresário do ramo de hamburgueria de Brasília.
No último dia 12, voltou a ganhar repercussão um vídeo feito no Dia dos Namorados do ano passado, em que Rianelli se declara para Figueiredo, seu marido, ao vivo no telejornal "Bom Dia Rio". Num grupo de WhtasApp, o empresário Alexandre Geleia fez a seguinte crítica por meio de aúdios:
"O grupo é público, eu falo o que penso, o que acho. Se ficou incomodado, me desculpa, garoto. Só acho que não precisa, não é necessário passar em TV aberta, em jornal, esse tipo de coisa. É minha opinião e não vou mudar minha opinião porque sou figura pública."
Em seguida, em mensagem para o mesmo grupo, ele negou que fosse homofóbico, afirmando ter homossexuais em seu quadro de funcionários:
"Tenho gerentes, encarregados, funcionários, o chef de cozinha de dentro da minha casa tem a opção dele, o dono do lava a jato onde lavo o carro, um dos meus melhores amigos de infância, estudou comigo e é meu amigo até hoje, e frequenta minha casa".
Em seu perfil no Twitter, Rianelli repostou o vídeo e rebateu as críticas feitas pelo empresário:
"Recebi alguns relatos sobre um empresário de Brasília que reagiu com homofobia a um vídeo em que eu declarei amor ao meu marido. Agradeço por todas as mensagens de apoio! Sobre o empresário... acho que nenhum LGBT do DF vai comer mais nas lojas dele".
O tuíte recebeu dezenas de comentários em apoio ao jornalista.
No último domingo, foi a vez do padre Paulo Antônio Müller, da Paróquia de Tapurá, no Mato Grosso, atacar os jornalistas. Durante a missa, ele declarou: "A gente faz um namoro, não como a Globo apresentou essa semana. Dois viados. Desculpa, dois viados. Um repórter com um veadinho, chamado Pedrinho. ‘Prepara meu almoço, tô chegando, tô com saudade’. Ridículo! Que chamem a união de dois viados, duas lésbicas, como querem, mas não de casamento".
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso abriu uma investigação para apurar o caso.
Diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis classifica como discriminação "generosa" a atitude do empresário.
— Quem diz: "você é, mas não deve se expor" está sendo extremamente preconceituoso e tolhendo o direto da pessoa expressar seu afeto, seu amor — explica.
Reis ressaltou que comportamentos como o do empresário podem estimular atitudes violentas direcionadas à população LGBTI:
— Ele não matou ninguém, mas afia a faca para que alguém mate. Não se deve intervir na vida de uma pessoa. Se ela está falando de amor, tenho mais é que parabenizar. Amor não tem genitália.
Em nota, a TV Globo disse que "se solidariza com Erick Rianelli e Pedro Figueiredo, reafirma seu compromisso com a diversidade e repudia de forma veemente toda forma de preconceito".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro também se solidarizou com o casal de jornalistas.
"A entidade manifesta o repúdio a manifestações de intolerância. Toda forma de amor deve ser respeitada. LGBTfobia é crime", diz a postagem.
À TV Globo, a lanchonete Geleia, que pertence ao empresário Alexandre Geleia, disse que está apurando o real contexto das falas que circulam na internet e que eventuais comportamentos ilegais e antiéticos de envolvidos não correspondem aos valores das empresas do grupo. Disse ainda que acredita no amor de todas as formas. A TV Globo tentou contato com o padre sobre a investigação do ministério público, mas não obteve retorno. Fonte: https://oglobo.globo.com