Refugiado ucraniano leva cachorro em trem na Hungria - Bernadett Szabo-3.mar.22/Reuters
Tutores carregam animais em busca de proteção, mas outros continuam em meio ao conflito
Famílias inteiras, incluindo pets, se refugiam em subsolos contra bombardeios. Em fuga, mulheres levam no colo cães, gatos e até aves enquanto deixam para trás maridos e filhos, impedidos de sair do país. Cenas como essas são parte da guerra na Ucrânia.
Desde a invasão pela Rússia, moradores são obrigados a se abrigar em bunkers ou se separar de familiares. Mas muitos não desistiram de seus animais de estimação, que são carregados para qualquer lado em busca de alguma segurança.
Países vizinhos que recebem refugiados flexibilizaram regras para aceitar também seus pets, como Polônia, Hungria e Eslováquia, segundo a organização Peta.
Na Romênia, a ONG Sava's Safe Haven se mobilizou para oferecer também coleiras, gaiolas e atendimento médico aos que chegam com os refugiados.
No entanto, a luta por sobrevivência também leva muitos tutores a abandonarem seus animais.
Alguns dos que ficaram conseguiram ser resgatados por grupos de defesa animal que atuam no país, apesar do conflito.
A Peta mesmo, por exemplo, informou ter arrecadado ração para levar a abrigos ucranianos. Por outro lado, ajudou a retirar animais do país —alguns com tutores, outros encontrados acorrentados e abandonados.
Protetores se arriscam para retirar animais do país ou se recusam a deixar a área de conflito para não abandonar os animais.
O italiano Andrea Cisternino, que vive em Kiev, publicou no fim de fevereiro vídeo que mostrava helicópteros militares russos sobrevoando a área de seu abrigo, onde estão animais de diversas espécies. Disse que ficaria ali por eles.
Há dias Cisternino não publica nas redes. Uma pessoa que se identifica como sua amiga escreveu que a comunicação é precária, mas que ele está bem.
Já a ativista Anastasiia Yalanskaya, 26, que havia levado suprimentos a um abrigo de cães em Bucha, foi morta a tiros no dia 3.
Segundo reportagem da CBS, os animais estavam sem comida havia três dias devido aos bombardeios. Outros dois voluntários que estavam com a jovem no carro também foram baleados por militares russos.
BRASIL
A situação dos pets também mobilizou a diplomacia brasileira. Isso porque brasileiros interessados em deixar a Ucrânia reivindicaram a companhia dos animais.
Tutora de um buldogue francês, Vanessa Rodrigues precisou fazer um apelo nas redes para conseguir trazer seu cachorro em voo da FAB.
Defensores da causa animal pressionaram, e o Itamaraty anunciou a retirada também dos pets dos brasileiros que estão na área de conflito. A ativista Luisa Mell e o deputado Fred Costa (Patriota-MG), envolvidos nas conversas com Vanessa, comemoraram.
"Thor, o cão refugiado. Com toda a ajuda de vocês ele está aqui comigo e vai comigo até o fim", escreveu a tutora ao agradecer o resgate. Com apoio da Embaixada, um grupo de brasileiros deixou Lviv, na Ucrânia, rumo à Polônia, onde chegou em segurança, no fim de semana.
Agora, a aeronave da FAB transportará seis pets.
"Após contato com os Ministros das Relações Exteriores e da Defesa, dei sinal verde à FAB para o embarque dos cães que acompanham aqueles brasileiros no retorno à Pátria", postou o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 4. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br