Declaração é resposta a ultimato da Casa Branca para agências federais desinstalarem aplicativo

 

Ilustração de logomarca do TikTok vista através de vidro quebrado - Dado Ruvic - 25.jan.23/Reuters

 

PEQUIM | REUTERS

China criticou nesta terça-feira (28) a decisão dos Estados Unidos de proibir suas agências governamentais de usarem o TikTok. Em um encontro regular com a imprensa, Mao Ning, uma das porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que a ação excede os limites do conceito de segurança nacional e representa um abuso de poder do Estado para reprimir empresas estrangeiras.

A fala de Ning se dá um dia após a Casa Branca estabelecer ultimato de 30 dias para a exclusão do app de dispositivos e sistemas federais. Segundo o governo americano, a medida foi tomada para preservar informações sigilosas —os EUA suspeitam que a plataforma seja usada para espionagem, embora a ByteDance, empresa que a desenvolveu, afirme não coletar mais dados do que outros programas do tipo.

A decisão impulsiona o cerceamento ao aplicativo nos últimos meses, em meio ao acirramento das tensões sino-americanas. Cerca de 19 dos 50 estados americanos já bloquearam ao menos parcialmente o acesso ao serviço em computadores governamentais. Diversas agências federais dos EUA, incluindo a Casa Branca e os departamentos de Defesa, Segurança Interna e de Estado, também baniram o app.

Essas medidas não impactam, porém, os mais de 100 milhões de americanos que usam a plataforma em dispositivos pessoais —ao menos até agora. Em dezembro, o Congresso apresentou projeto para proibir o TikTok nos EUA, em um texto que prevê o bloqueio de empresas de mídia sob influência de China e Rússia.

Na ocasião, a ByteDance, firma que controla o aplicativo de vídeos curtos, divulgou um comunicado repudiando o projeto. Segundo a companhia, as preocupações dos congressistas são alimentadas por desinformação. A ByteDance não se manifestou sobre o memorando da Casa Branca da segunda.

A American Civil Liberties Union, organização que luta pelos direitos e liberdades individuais dos americanos, criticou as tentativas de proibição do aplicativo no país. Em 2020, o então presidente Donald Trump tentou impor medidas para bloquear o uso do TikTok, mas perdeu uma série de batalhas judiciais.

Ainda na terça, o Comitê de Relações Exteriores da Câmara deve votar um projeto de lei que pode dar ao atual presidente americano, Joe Biden, autoridade para banir o TikTok de todos os dispositivos dos EUA. "Qualquer pessoa com o TikTok instalado deu ao Partido Comunista Chinês informações pessoais. É um balão espião no telefone", disse o deputado republicano Mike McCaul, autor da proposta.

Ele fazia referência à crise mais recente entre os países, ocasionada pela descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês. Washington afirma que o balão era um instrumento de espionagem, enquanto Pequim diz que é um item de pesquisas, sobretudo meteorológicas.

A disputa agravou as diferenças entre as duas maiores potências mundiais nos últimos anos, motivadas por fatores que vão do apoio dos EUA à Taiwan, ilha considerada uma província rebelde pela China, à expansão militar americana no Sudeste Asiático em geral. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br