Trecho da BR-040 onde caminhão tanque tombou e pegou fogo é conhecido como 'curva do terror'

Em média, um acidente grave por mês é registrado no Km 96. Acidente aconteceu no começo da manhã do feriado de Corpus Christi. Motorista do veículo morreu no local

 

Caminhão tombou e pegou fogo numa curva da BR-040 Fabiano Rocha 

 

Por Isabelle Resende e Giulia Ventura — Rio de Janeiro

Desde janeiro deste ano, a Concer registrou seis acidentes no trecho do quilômetro 96 da subida da Serra de Petrópolis, na BR-040. Uma média de um acidente por mês. O local onde um caminhão tanque, transportando 44 mil litros de combustível, pegou fogo após tombar numa curva é chamado popularmente de 'curva do terror'. O acidente, que provocou a morte do motorista do veículo, aconteceu por volta das 6h20 desta quinta-feira. Outros seis veículos foram atingidos pelas chamas e uma pessoa teve ferimentos leves. Durante pouco mais de sete horas a pista no sentido Juiz de Fora ficou interditada para o trabalho dos Bombeiros e limpeza da pista.

O delegado Alexandre Ziehe, titular da 61ª DP (Xerém), onde a ocorrência do acidente foi registrada, relata que são constantes os engarrafamentos provocados por capotamentos neste trecho e que a região é conhecida como curva do terror.

— Sou morador de Petrópolis, usuário da serra de Petrópolis há muito tempo. Toda hora é engarrafamento, problemas, capotamento. A nova subida da serra nunca vem. É a curva do terror. É o terror para as pessoas que usam a rodovia, provocam o caos para o usuário e para o turista da cidade — conta o delegado.

Há pelo menos sete anos, as obras da nova pista de subida da serra de Petrópolis deveriam ter sido entregues pela concessionária que administra a rodovia. O novo trecho, que substituiria a atual subida da Rio-Petrópolis, deveria estar em operação desde 2016.

— Essa é uma dívida com os usuários da rodovia, com os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e com o país como um todo. As obras foram previstas ainda em meados dos anos de 1990 e já deveriam estar prontas há pelo menos uma década. O fato é que isso precisa ser corrigido e o governo federal precisa encontrar soluções para resolver o que, hoje, é um dos maiores gargalos logísticos do país — ressalta o gerente de Infraestrutura da Firjan, Isaque Ouverney.

No projeto, a pista nova acompanha 15 quilômetros do traçado da pista de descida, além de um túnel de quatro quilômetros e meio desembocando em Petrópolis. No total, o novo trecho teria 20 quilômetros de extensão.

Iniciadas em maio de 2013, apenas 50% das obras foram executadas. A concessionária alega que a União descumpriu o acordo de pagamento firmado no 12º Termo Aditivo ao contrato de concessão, e que, por isso, interrompeu as obras. Segundo a Concer, a União descumpriu as condições pactuadas para custear o empreendimento, o que teria provocado um desequilíbrio financeiro à empresa. A queda de braço entre a concessionária e a União foi parar na justiça e segue sem uma resolução.

Em nota, a Concer informa que "as obras da Nova Subida da Serra de Petrópolis (NSS) estão previstas no Edital da licitação". O texto também lembra que a "BR-040 na atual Serra de Petrópolis é uma rodovia centenária"e que a NSS já está 50% pronta e a concessionária está preparada para "a retomada imediata das obras da NSS, visando o atendimento de todas as partes interessadas e o interesse público.

O governo federal estuda fazer uma nova licitação. Numa audiência realizada em abril desse ano entre o secretário executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, e representantes da Firjan, foi discutida a possibilidade de se fazer uma nova licitação da BR-040, aumentando o trecho até Belo Horizonte. Na ocasião, o secretário disse que estar empenhado em resolver o problema.

 

Tragédia na pista

O motorista do caminhão de combustível, Leandro Ribeiro, trabalhava há pelo menos quatro anos na rede de postos Amigão Saraiva, sediada no município de Paraíba do Sul. Sua família é da cidade de Pequiri, no interior de Minas Gerais.

A rotina de Leandro era pegar o combustível na base da Petrobras em Duque de Caxias e distribuir aos postos de gasolina na região de Petrópolis, Itaipava, Paraíba do Sul, Duque de Caxias e outros municípios vizinhos. O caminhão que ele dirigia tem capacidade para transportar até 40 mil litros de gasolina ou diesel.

No momento do acidente, ele se dirigia a Petrópolis. O caminhão virou numa curva da BR-O40, na altura de Duque de Caxias e incendiou.

 

Interdição prejudica viagens

O acidente acabou atrasando as viagens de quem havia programado passar o feriadão fora de casa. A Rodoviária Novo Rio informou que os passageiros mais afetados com a interdição foram os que compraram passagens para o trecho Rio-Petrópolis, operado pela Única-Fácil. Os motoristas tiveram que subir a serra pelo município de Teresópolis, o que faz a viagem ter a duração de três horas, quando normalmente é de uma hora e meia. Os passageiros que precisaram remarcar a viagem tiveram que procurar as empresas para mudar a data.

Já a Guanabara, que também utiliza aquele trecho da BR-040 para destinos como Minas Gerais, também usou rotas alternativas, o que está aumentou o tempo da viagem. As linhas afetadas foram a Rio-Juiz de Fora e Rio-Belo Horizonte, cujos ônibus seguiram pela Dutra e depois até três Rios pela BR-393. O atraso máximo registrado no trajeto de viagem foi de uma hora nos primeiros horários da manhã desta quinta-feira, mas no início da tarde a grade estava normal. Os ônibus da empresa da linha Petrópolis-Belo Horizonte seguiram por Três Rios também. Fonte: https://oglobo.globo.com