Oito pessoas continuam desaparecidas; nova vítima foi confirmada no município de Colinas, banhada pelo rio Taquari

 

Imagens aéreas da enchente no Rio Taquari, em Lajeado - Divulgação - 05.ago.2023/Portal Agora no Vale

 

 Caue Fonseca

Francisco Lima Neto

PORTO ALEGRE e SÃO PAULO

O número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana subiu para 47, de acordo com atualização do boletim da Defesa Civil do estado.

A nova morte foi confirmada no município de Colinas, banhado pelo rio Taquari e que faz fronteira com a cidade de Roca Sales, devastada pelo temporal.

Já o número oficial de pessoas desaparecidas caiu substancialmente. Após investigação da Polícia Civil que partiu de uma lista de 83 nomes, a maior parte foi localizada e restam ainda oito pessoas desaparecidas. Até a noite de segunda (11), a Defesa Civil comunicava 46 desaparecidos.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça (12) no Centro de Ações de Recuperação montado em Encantado (RS), o vice-governador Gabriel Souza declarou que a lista pode aumentar novamente conforme as famílias comunicarem as autoridades.

Conforme os novos dados da Defesa Civil, 4 dos desaparecidos são de Muçum, 2 de Lajeado, 1 de Roca Sales e 1 de Arroio do Meio.

O boletim atualizado na manhã aponta que o estado tem 925 pessoas feridas e 25.311 fora de casa em decorrência dos problemas causados pela chuva. O estado tem 97 cidades afetadas de alguma maneira.

O governo gaúcho estima em 340 mil o total de afetados pelos temporais. Uma força-tarefa com cerca de 900 servidores atua nas buscas, resgates, identificação de corpos e reparos na infraestrutura.

Os corpos das vítimas estão sendo reconhecidos pelo Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre e em cidades do interior.

A liberação para os velórios depende de uma normalização mínima na rotina das cidades afetadas, que chegaram a ter mais de 80% de sua área urbana submersa.

De acordo com o Climatempo, a previsão para o Rio Grande do Sul é de dia nublado com chuva forte, que deve diminuir de intensidade durante a noite.

O RS enfrenta chuva forte nesta semana, mas mais concentrada na metade sul e fronteira oeste. Nessas regiões, o acúmulo de chuva deverá superar 200 milímetros até a sexta-feira. O Inmet aponta alerta laranja para as regiões. Em seis municípios da metade sul, houve suspensão das aulas: Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.

 

VOOS SÃO CANCELADOS EM PORTO ALEGRE

Em outras regiões, houve vento forte e queda de luz. No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, dez voos não conseguiram aterrissar na noite de segunda em razão do vento. Cinco voos foram cancelados nesta terça.

Pela manhã, a concessionária CEEE Equatorial comunicou queda de energia em 65 mil pontos em diferentes municípios, 13 mil deles em Porto Alegre. Municípios do litoral norte, como Capão da Canoa e Arroio do Sal foram afetados, com 5.000 pontos de queda de energia cada.

 

DOAÇÕES E FINANCIAMENTOS

Na sexta (8), o governo federal anunciou o repasse, via prefeituras, de R$ 800 por cada desabrigado e o envio de 20 mil cestas básicas.

Na quinta (7), a gestão Lula já havia reconhecido o estado de calamidade pública, conforme solicitado pelos municípios atingidos pelos temporais para simplificar os processos de compras e contratações, e acelerar a resposta à destruição. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), os prejuízos chegam a R$ 1,3 bilhão.

Em reunião com prefeitos das cidades afetadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. Desse total, cerca de R$ 300 milhões serão destinados ao setor agrícola, que segundo o governador foi um dos mais prejudicados pelas enchentes. Outros R$ 500 milhões serão destinados a empréstimos para prefeituras e R$ 100 milhões serão voltados para o financiamento imobiliário.

O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.

A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.

Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br